Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Moradores do Morumbi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, fizeram um protesto na manhã de hoje (28) na Praça Vinicius de Moraes, próxima ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Vestidos com camisas brancas, segurando faixas com a frase “Basta de Violência” e fazendo um apitaço, os moradores pediam por mais segurança no bairro, em um movimento chamado de SOS Morumbi.
“De um ano para cá, os casos de violência vêm aumentando muito. O que era simplesmente um roubo hoje virou tiros e agressão. E não podemos mais tolerar isso”, disse Ana Paula Freitas, uma das organizadoras do protesto. Segundo a organização do SOS Morumbi, o ato reuniu cerca de 3,5 mil moradores. A Polícia Militar contou a participação de 2,5 mil pessoas.
Logo depois da concentração dos participantes, os moradores fizeram uma pequena caminhada ao redor da praça e deram-se as mãos como se estivessem abraçando o local. O ato terminou com os moradores fazendo um minuto de silêncio e soltando balões brancos ao céu. “Estamos indignados com o que acontece em São Paulo e, particularmente, no Morumbi, onde não temos o direito de ir e vir. Há uma ausência do Estado, uma polícia que recebe um salário indigno. Temos que nos proteger cada vez mais, temos que ter segurança, escola particular, seguro-saúde particular. Cadê o Estado?”, reclamou o médico Rudolf Wechsler.
Os moradores acreditam que, além de uma política de segurança para toda a cidade, o governo deveria trabalhar para reduzir a desigualdade social. “O Morumbi está ilhado entre três favelas. A diferença social é muito grande. Tem que ter políticas de ajuda à saúde e à educação”, acrescentou a médica Mariangela Pinto da Fonseca Wechsler.
No protesto, os organizadores recolheram assinaturas para um abaixo-assinado pedindo mais policiamento, iluminação e a instalação de uma base fixa da polícia na comunidade de Paraisópolis, bairro carente vizinho do Morumbi. O abaixo-assinado deverá ser entregue até o próximo dia 5 ao governador do estado, Geraldo Alckmin, também morador do bairro.
Moradores de outros bairros, como o Campo Limpo e Jardim da Saúde, aproveitaram o ato para protestar contra a violência. Rose Marie reclamou da falta de segurança no seu bairro. “Na porta do meu prédio, vários moradores já foram assaltados. Há dois meses, sofri um arrastão no posto de gasolina e não aguento mais essa situação”, disse a moradora do Jardim da Saúde.
A União dos Moradores de Paraisópolis se manifestou em seu site com um comunicado de desabafo em relação à motivação do SOS Morumbi. Assinado pelo presidente da entidade, Gilson Rodrigues, o comunicado diz que os moradores da comunidade sofrem tanto ou mais com a realidade criticada pelo movimento. “A solução para isso, no entanto, não passa por aumentar o muro que divide o Morumbi de Paraisópolis, mas pela continuação imediata das ações da Virada Social [projeto do governo de inserção social] e dos investimentos em educação, saúde, esporte e moradia. O que mais diferencia os jovens que moram em Paraisópolis daqueles que moram no Morumbi é a ausência de oportunidades iguais”, diz o manifesto.
A entidade pede a união de forças entre as comunidades do Morumbi e de Paraisópolis para solucionar o problema. “Ações pontuais, ditas emergenciais, sozinhas não resolverão os imensos desafios que temos que vencer. (...) Problemas sociais se resolvem com políticas sociais e mais presença do Poder Público”.
Edição: Lana Cristina