Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse hoje (22) que usou o helicóptero do governo do Maranhão quando esteve em viagem particular ao estado porque tem prerrogativas de chefe do Poder Legislativo. “Eu tenho direito a transporte e segurança em todo o país, de representação. Quando se fala em direito de representação não é em serviço. Porque o presidente que é chefe do Poder, onde ele vai tem direito a transporte e segurança”, justificou Sarney.
Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, ele usou a aeronave para ser transportado para uma ilha particular no Maranhão, na companhia de um empresário do estado. Ainda de acordo com o jornal, o helicóptero foi comprado para auxiliar os serviços de segurança pública e saúde do estado e deixou de atender a um paciente que precisava ser transportado com urgência, porque estava servindo a Sarney.
Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), apesar de não ser ilegal, o uso da aeronave para fins particulares não foi correto. “Quem sabe seja a possibilidade para alterarmos o que existe de normas conferindo prerrogativas que devem ser extirpadas do cenário nacional. Eu acredito que nenhum bem público pode ser utilizado em benefício próprio, em atividade privada”, ponderou Dias.
O líder tucano criticou ainda o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que também foi acusado, em matéria da revista Época, de ter viajado em um jato particular, na companhia de um empresário do Paraná que tem contratos com o governo. Segundo a revista, na ocasião, o ministro estava à frente do Ministério do Planejamento e usou o avião durante a campanha de sua mulher – hoje ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Gleisi Hoffmann – a uma vaga no Senado, nas eleições de 2010.
“A questão não é o uso do avião por si só. É a consequência. O avião é utilizado e, depois, num passe de mágica, os contratos com o governo são inflados. Empresa que tinha contrato da ordem de R$ 20 milhões passa a ter contratos que superam os R$ 600 milhões. É a mágica dos aviões no céu do Brasil”, ironizou Dias.
Mais cedo, Paulo Bernardo informou, em nota oficial, que trabalhou na campanha da esposa durante os horários de folga e fins de semana e que usava aviões fretados para isso. Segundo o ministro, ele viajou em “aeronaves de várias empresas, que receberam pagamento pelo serviço. Não tenho, porém, condições de lembrar e especificar prefixos e tipos ou proprietários dos aviões nas quais voei no período”. Na nota, o ministro das Comunicações garantiu que não beneficiou a empresa citada na matéria e que as obras executadas por ela com o governo são realmente importantes para o desenvolvimento do estado.
Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Bernardo deverá dar explicações no Congresso Nacional sobre a viagem em aeronave particular. “Há uma norma no serviço público que veda esse tipo de utilização por ministros, portanto, ela deve ser cumprida. Eu não conheço em detalhes essa questão do ministro Paulo Bernardo, mas acho que ele deve dar explicações”, afirmou o líder. Sobre Sarney, contudo, Jucá considerou que as explicações “já foram dadas”.
Edição: Lana Cristina