Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O atual vice-prefeito de Campinas, Demétrio Vilagra, do PT, deverá assumir terça-feira (23) a prefeitura, em substituição a Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio, do PT. que teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores. Neste dia, o decreto de cassação deverá ser publicado no Diário Oficial do município e Vilagra poderá tomar posse.
No entanto, a troca de comando na prefeitura pode não significar a volta da estabilidade política a Campinas. Investigado por suspeita de envolvimento no esquema de fraudes que derrubou Hélio Santos, Vilagra assume com pelo menos duas incertezas.
A primeira vem do próprio prefeito cassado. Alberto Luiz Rollo, um dos advogados que defendem Hélio Santos, já informou que vai pedir na Justiça a anulação da cassação do cliente e sua volta à chefia do Executivo. Segundo o advogado, a votação em que a Câmara decidiu pelo afastamento do prefeito foi “viciada”. Rollo disse que a sessão, que durou de mais de 44 horas, terminou um dia depois de um jornal da cidade divulgar novas reportagens sobre o prefeito.
De acordo com o advogado, o jornal relatava fatos que não estavam sendo apurados na comissão processante da Câmara. Mesmo assim, dise Rollo, os vereadores foram “influenciados” pelas reportagens e, por 32 votos a 1, cassaram o mandato de Hélio.
“Na véspera da votação, apresentamos um requerimento pedindo a suspensão da sessão, que estava viciada”, disse Rollo à Agência Brasil. “A sessão não foi suspensa. Porém, nós entendemos que ela não tem valor jurídico nenhum.”
A segunda dúvida vem da Câmara. Antes mesmo de Vilagra assumir a prefeitura, vereadores já protocolaram dois pedidos de abertura de comissão processante para afastá-lo do cargo.
Um dos pedidos é do vereador Valdir Terrazan, do PSDB, e o o outro, da bancada do PSOL. Os dois querem apurar o envolvimento de Vilagra em fraudes com contratos da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (Sanasa), em irregularidades em loteamentos imobiliários e em ilegalidades no modelo de operação das antenas de celular.
O vice-prefeito já é investigado pelo Ministério Público por tais suspeitas. Vilagra chegou a ser preso em maio, em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com a Câmara, contudo, os vereadores só vão analisar os pedidos depois que Vilagra tomar posse. Ele deverá assumir a prefeitura e só depois os vereadores decidirão se ele deve ser afastado do cargo.
Edição: Nádia Franco