Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O empresário Jorge Gerdau disse hoje (18) que o Brasil precisa baixar os juros e corrigir distorções tributárias de alguns setores para conter o fluxo de capital estrangeiro e dar mais competitividade à industria nacional. O empresário preside a Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade, ligada à Presidência da República, que tem o objetivo de discutir propostas para dar mais eficiência aos gastos e aos serviços prestados pelo governo.
Sobre a questão da taxa de juros, Gerdau defendeu que o Brasil pratique níveis pelo menos comparáveis com o resto do mundo. "O governo está gerenciando o processo, mas eu estou convicto de que, enquanto a gente não conseguir baixar os juros, esse fluxo de capitais continuará desequilibrado. O Brasil deveria ter uma taxa de juros no mesmo patamar do mundo", disse o empresário. O Brasil lidera a lista dos países com maiores juros reais.
Gerdau disse que alguns setores ainda enfrentam uma concorrência desleal com produtos estrangeiros e que é preciso modificar a estrutura tributária para corrigir essas distorções. "Existem hoje estruturas tributárias que fazem com que os produtos importados paguem menos imposto que o produto feito aqui no Brasil. Então, na realidade, é necessário mexer nessa estrutura tributária, de tal modo que haja isonomia competitiva", destacou o empresário.
Gerdau ainda defendeu que medidas tomadas pelo governo para beneficiar setores que empregam muito, como as indústrias textil, de móveis, de calçados e de programas de computador (softwares), precisam ser extendidas a outras áreas. "O governo já tomou medidas no campo da competitividade, para enfrentar o problema da importação. Hoje, o maior problema é no campo da importação. Essa experiência deve ser usada para outras áreas para, da mesma forma, criar condições mais competitivas".
Sobre a crise econômica mundial, ele disse que o Brasil tem condições mais favoráveis para enfrentá-la: "O Brasil está enfrentando uma fase ímpar e, com certeza, temos condições de enfrentar essa crise com uma liquidez que o Brasil nunca teve. Mesmo quando se tem uma liquidez elevada, se tem pontos para ajustar aqui e ali". Ele citou as reservas internacionais como fator de estabilidade diante da crise. "Esses US$ 350 bilhões de dólares que o Brasil tem, com certeza, nos dão uma certa tranquilidade".
Sobre a questão cambial, com a desvalorização do dolar, ele disse que é um problema mais complexo. "O fluxo cambial é muito difícil de controlar, mas processos internos nossos têm condições de corrigir [as distorções] e o governo está empenhado [em promover esses processos]".
Edição: Vinicius Doria