Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 11% dos pacientes com câncer que são atendidos no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) assumem ter consumido ou ainda consumir exageradamente bebidas alcoólicas. A informação consta de levantamento feito com cerca de 26,1 mil pacientes atendidos na unidade entre agosto de 2008 e fevereiro deste ano.
“O álcool é um fator de risco para uma série de tumores, entre eles os de boca, laringe, garganta, esôfago, pâncreas e fígado. Alguns deles, como o de fígado, estão relacionados ao álcool por causa da cirrose. Nos tumores de cabeça e pescoço, a questão é que o álcool potencializa o efeito tóxico do tabaco”, explicou o médico Gilberto Castro, oncologista do Icesp.
Segundo ele, há uma grande relação estabelecida entre o consumo de álcool e fumo e o desenvolvimento de tumores. “Quanto mais a pessoa fuma e quanto mais bebe, mais risco ela tem de desenvolver esses tumores”, disse.
No levantamento, o Icesp constatou que dos 2,8 mil pacientes que admitiram o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, 36% desenvolveram tumores na região da garganta e da boca. Por isso, alerta o médico, é importante evitar o consumo dessas bebidas e do fumo.
“Não existe nível seguro. A pessoa diz: 'mas eu fumo apenas um ou dois cigarros'. Ou 'eu tomo apenas uma latinha de cerveja'. Mas o risco é maior para ela do que para quem não fuma ou não toma álcool”, ressaltou o médico.
O levantamento mostrou ainda que 6% dos que assumiram essa postura são jovens com até 39 anos. O vício em bebidas alcoólicas entre pacientes com câncer atendidos no Icesp é maior entre os homens: dos 12,5 mil pacientes do sexo masculino analisados pelo levantamento, 18% assumiram o consumo abusivo de álcool. Entre as 13,6 mil mulheres investigadas, 4% admitiram manter o hábito de beber.
Edição: Graça Adjuto