Agentes penitenciários do Espírito Santo entram em greve e visitas familiares aos presos são suspensas

04/08/2011 - 13h01

Alex Rodrigues*
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os agentes penitenciários do Espírito Santo estão em greve desde o início da manhã de hoje (4). Segundo o sindicato da categoria (Sindaspes), embora o movimento atinja todo o estado, os principais focos da paralisação são os complexos penitenciários na cidade de Viana e de Xuri, em Vila Velha. Somados, os dois estabelecimentos concentram, segundo a Secretaria de Justiça, 43,5% da população prisional do estado e cerca de 60% dos quase 2,7 mil dos profissionais.

Com a retomada do movimento, que já havia sido suspenso no dia 21 de julho a pedido do governo estadual, os agentes deixarão de escoltar os presos, acatando apenas os mandados judiciais – nestes casos, o agente retirará o preso da cela e o entregará a policiais, que se encarregarão da escolta. Além disso, enquanto a greve durar, os detentos não poderão tomar banho de sol e serão suspensas as visitas familiares e a assistência jurídica. A alimentação, os medicamentos e o atendimento de urgências e emergências médicas aos detentos estarão garantidas.

De acordo com o presidente do sindicato, Paulo Cesar Buzzetti, embora a segurança das unidades e as necessidades básicas dos internos estejam sendo mantidas, não há como descartar reações de descontentamento por parte dos presos, principalmente por conta da suspensão das visitas familiares – medida tomada, segundo Buzzetti, pela falta de condições de garantir a segurança durante o tempo que durar a mobilização.

“Acredito que vamos saber trabalhar essa questão da melhor forma possível, mas é claro que eventualidades podem acontecer. Estamos trabalhando para preservar a ordem da melhor forma possível, mantendo o fornecimento de alimentação, medicamentos, atendimentos emergenciais para evitar possíveis rebeliões ou motins. Tomamos cautela para evitar um possível confronto envolvendo os presos, suas famílias e os agentes”, detalhou Buzzetti, por telefone, à Agência Brasil.

Os trabalhadores decidiram cruzar os braços durante assembleia realizada ontem (3), em Vitória. Ainda de acordo com o sindicato, os agentes decidiram pela greve por não terem ficado satisfeitos com a proposta apresentada pelo governo estadual na terça-feira (2). Em reunião com diretores sindicais, os representantes do governo apresentaram um cronograma de longo prazo para atender às reivindicações da categoria.

Entre as principais demandas apresentadas pelos trabalhadores estão a reestruturação do plano de carreira, a autorização para porte de arma, compensação salarial, pagamento de horas extra e escala especial. Segundo Buzzetti, o salário de um agente é R$ 2.063.  

“Nossa expectativa é de que a população e o governo vejam que a gestão do sistema penitenciário é precária, tanto em termos de condições de trabalho quanto de gestão do pessoal. O governo investiu milhões de reais na construção de novos presídios enquanto os agentes penitenciários, que hoje são responsáveis por toda a segurança do sistema, não são valorizados”, concluiu Buzzetti.

Em nota, o secretário estadual de Justiça, Ângelo Roncalli, lamentou a decisão da categoria de interromper as atividades e assegurou estar aberto ao diálogo. A 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Vitória julgou a greve ilegal.

 

* A matéria foi ampliada às 13h48     //   Edição: Lílian Beraldo