Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Justiça da Guatemala decretou pena de mais de 6 mil anos de detenção para quatro ex-militares que participaram de um massacre de 201 agricultores e suas famílias, em 1982. O massacre marcou o país pelos requintes de crueldade contra as crianças e mulheres. Os militares foram condenados pelos assassinatos na aldeia de Las Dos Erres, em Petén.
No total, a condenação foi 6.060 anos de prisão para cada um, o equivalente a cerca de 30 anos de detenção por vítima. Os condenados são Daniel Martinez, Manuel Pop Sun, Guolip Reyes Collin e Carlos Antonio Carias. O grupo integrava a elite Kaibil, na qual militares guatemaltecos são especialmente treinados na selva que faz fronteira com o México.
Parentes das vítimas e ativistas políticos choraram e se abraçaram ao ouvir a decisão do Tribunal de Alto Impacto. A medida foi anunciada por três juízes, sendo que dois eram mulheres. "Essa decisão faz justiça às vítimas de Las Dos Erres e os milhares que foram massacrados durante o banho de sangue que a Guatemala viveu [ao longo de sua história]", disse a ativista Aura Elena Farfán.
Os militares também foram condenados sob acusações de abandono do dever contra a humanidade e por atuação planejada contra a população. Um deles foi sentenciado por crime de roubo.
O massacre de Las Dos Erres é um dos 669 documentados no relatório Guatemala: Memória do Silêncio, de 1999, elaborado pela Comissão de Esclarecimento Histórico, sobre os crimes cometidos durante o conflito armado no país. Segundo o documento, as crianças foram mortas a “golpes de marreta na cabeça” e uma delas lançada contra uma árvore.
De acordo com as investigações, as 201 vítimas foram retiradas de suas casas, em seguida transferidas para uma igreja e uma escola, onde sofreram agressões. As mulheres foram vítimas de violência sexual.
*Com informações da AGN, agência pública de notícias da Guatemala e da Telam, da Argentina
Edição: Lana Cristina