Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os geneticistas querem, no seu 57º Congresso, trabalhar pela popularização da ciência e pela melhoria da qualidade do ensino de biologia. Professores e coordenadores de oficinas pedagógicas do ensino médio da rede pública de São Paulo vão participar do evento, que ocorre na cidade paulista de Águas de Lindoia. Serão apresentados 1,2 mil trabalhos científicos no congresso, que reunirá 180 pesquisadores do Brasil e do exterior, entre eles o microbiologista Werner Arber, Prêmio Nobel com o pioneirismo na manipulação de DNA.
O 57º Congresso da Sociedade Brasileira de Genética (SBG) ocorre de 30 de agosto a 2 de setembro. Faz parte da programação uma série de atividades com jogos, peças de teatro e materiais criados para facilitar a compreensão do conteúdo da disciplina, iniciativa chamada de Genética na Praça. “Há alguns anos, temos a preocupação de tornar a genética mais próxima da sociedade”, diz Eliana Dessen, professora e pesquisadora da SBG.
A entidade ainda mantém, com o objetivo de popularizar a ciência, a revista eletrônica Genética na Escola e o portal na internet Saiba Mais Sobre Biotecnologia, destinados a professores do ensino médio e a outras pessoas interessadas no tema.
Na avaliação de Eliana, o ensino de biologia no Brasil é muito fragmentado, o que torna a disciplina menos interessante para os estudantes. Para ela, os alunos, na maioria das vezes, não compreendem o fenômeno que estão observando e não entendem a razão da tarefa passada pelo professor. “O aluno vai se motivar à medida que ver uma aplicação daquilo que está aprendendo na vida dele”, lembra a pesquisadora, ao destacar a necessidade de melhorar a formação dos professores.
“Os indivíduos formados atualmente, de uma maneira geral, têm uma formação pior do que há 30 anos. Naquela época, havia um pequeno número de professores, mas muito bem formados. Hoje, há um maior número, mas mal formados”, opina. Segundo a pesquisadora, exigir que o professor aplique metodologias pedagógicas inovadoras em sala de aula pressupõe que ele tenha um conhecimento muito bom da disciplina, assim como um bom domínio da pedagogia. “Os professores estão muito inseguros em aplicar essas metodologias, mesmo que eles tenham ouvido falar”, lamenta.
A pesquisadora da SBG lembra que a genética está no cotidiano das pessoas, como nas decisões judiciais sobre testes de paternidade, na compra de alimentos transgênicos e no uso das células-tronco pela medicina. Eliana Dessen sugere que os professores explorem em sala de aula a chamada biologia forense, utilizada para descobrir pessoas desaparecidas, encontrar suspeitos de um crime, saber por onde uma pessoa passou e até calcular há quanto tempo uma pessoa morreu, como forma de estimular os alunos.
Áreas correlatas como biologia, ciências biomédicas, ciências da saúde, biotecnologia, biodiversidade e bioprospecção estão entre os campos de pesquisa que receberão incentivo do programa Ciência sem Fronteiras do governo federal. Boa parte das bolsas que serão ofertadas em quatro anos será destinada a alunos que tenham nota acima de 600 no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Edição: Lana Cristina