Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires – Os corpos dos dois brasileiros da empresa Leme Engenharia, encontrados mortos no Norte do Peru na quarta-feira passada (27), foram enviados ao Brasil na madrugada deste domingo (31). As famílias, que moram em Minas Gerais e São Paulo, ainda aguardam o resultado dos exames toxicológicos para saber a causa da morte do geólogo Mário Guedes e do engenheiro Mário Bittencourt.
A primeira autópsia feita pela polícia peruana foi inconclusiva. O embaixador do Brasil no país, Carlos Alfredo Lazary Teixeira, recebeu ontem (30) as primeiras informações sobre o inquérito aberto pela Polícia do Peru, que tomou o depoimento das pessoas que estiveram com os dois brasileiros antes da prospecção de campo que os dois foram fazer quando desapareceram.
Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador contou que ambos foram vistos pela última vez na última segunda-feira (25), na hora do almoço. Eles tinham saído para fazer um trabalho de campo, para ver onde seria o melhor lugar para construir uma hidrelétrica no Rio Marañón. A empresa Leme Engenharia foi subcontratada pela empresa peruana SIZ para fazer a prospecção.
"Quando escureceu e eles não apareciam, foi dado o alerta e começaram as buscas", disse Lazary. Os dois corpos foram encontrados na manhã de quarta-feira – no mesmo dia em que a presidenta Dilma Rousseff desembarcava em Lima para assistir à posse do novo presidente do Peru, Ollanta Humala.
Segundo informações da polícia, um dos corpos foi achado a 40 metros da estrada principal e o outro, a um quilômetro de distância. Tudo indica que um dos brasileiros passou mal e caiu e o segundo continuou caminhando, provavelmente para pedir ajuda.
A autópsia revelou que não havia qualquer sinal de violência e que os dois tinham um edema no pulmão e outro no cérebro. A imprensa e médicos locais especulam que os brasileiros morreram de uma parada cardiorrespiratória, possivelmente provocada por envenenamento. O certo é que não houve roubo, já que os pertences do geólogo e do engenheiro, como carteira, celular e câmara fotográfica estavam junto aos corpos.
Perto do local onde foram encontrados os corpos houve, há dois anos, uma revolta indígena contra uma lei que permitia a expropriação de suas terras, se fosse de interesse nacional. A polícia reprimiu o protesto e vários policiais foram mortos – alguns deles degolados. No Peru, existe muita resistência, por parte da população nativa, a grandes projetos das áreas de mineração e energia que são realizados sem consulta prévia e colocando em risco o meio ambiente ou a propriedade das terras indígenas. Daí, a especulação sobre o possível envenenamento intencional dos dois brasileiros.
Mas tanto a polícia quanto a Embaixada do Brasil evitaram qualquer especulação sobre a morte dos brasileiros. Eles preferem esperar os resultados dos exames de laboratório e do inquérito. As famílias e a empresa colocaram seu próprio advogado para acompanhar as investigações. "Vamos acompanhar o inquérito até que seja tudo esclarecido", disse o embaixador Lazary Teixeira.
Edição: Lana Cristina