Mantega diz que impasse sobre dívida dos Estados Unidos é “insensatez”

25/07/2011 - 17h39

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (25) que o impasse na discussão sobre o aumento do limite de endividamento público dos Estados Unidos “é uma insensatez”. Para ele, governo e parlamentares precisam chegar logo a um acordo porque um possível calote norte-americano poderia causar um “problema muito sério” à economia mundial.

Segundo Mantega, caso os Estados Unidos deixem de pagar suas dívidas, uma nova crise de confiança mundial será instalada. Ocorreria mais uma vez uma fuga de capitais de países emergentes e bancos suspenderiam a concessão de empréstimos, prejudicando a economia global.

“Um default [não pagamento de dívidas] dos Estados Unidos poderia levar o mundo a uma situação muito crítica”, afirmou Mantega, durante almoço com cerca de 400 empresários, em São Paulo.

Sobre os efeitos do possível calote na economia brasileira, Mantega disse que “nem gosta de pensar nesta possibilidade”. Mesmo assim, ele afirmou que o Brasil é um dos países mais preparados para enfrentar possíveis abalos na economia mundial. “Somos um país com uma das maiores capacidades de reagir a crises”.

O ministro ressaltou, porém, que o Brasil já sofre com a instabilidade da economia norte-americana e europeia. Ele afirmou que a maior economia do mundo e o bloco europeu ainda não se recuperaram completamente da crise mundial de 2008 e as medidas que eles têm adotado para tentar reativar suas economias têm consequências negativas para o Brasil.

Mantega disse que a Europa e os Estados Unidos reduziram o consumo de manufaturados brasileiros. Também injetaram dinheiro em suas economias, o que acabou valorizando o real e reduzindo a competitividade das empresas brasileiras no comércio mundial. Ele disse, o governo está atento a esses problemas.

O ministro informou que na próxima semana, será anunciada a nova Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com medidas para estímulo à indústria. E que, novas medidas para conter a queda do dólar ante o real também estão sendo discutidas constantemente.

“De fato, o câmbio é uma questão que me preocupa”, disse ele. “O governo continua olhando seriamente para o câmbio e sempre estaremos propensos a tomar medidas para impedir uma valorização excessiva da moeda brasileira”.

Sobre o controle da inflação, Mantega disse que é uma prioridade e “questão de honra” para o governo. Afirmou, contudo, que esse controle não prejudicará o crescimento do país. Segundo Mantega, o Brasil deve crescer cerca de 4,5% neste ano.
 

 

Edição: Rivadavia Severo