Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Serviço Nacional da Indústria (Senai), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgaram hoje a relação de 96 empresas do ramo industrial (arrecadadoras para o chamado Sistema S) que tiveram seus projetos de inovação reconhecidos e serão financiados por bolsas especiais do edital Senai/Sesi de Inovação 2011.
O valor individual da bolsa é R$ 300 mil por projeto escolhido. Caso o projeto tenha sido contemplado simultaneamente pelo Sesi e pelo Senai o valor sobe para R$ 400 mil. O Sesi escolheu projetos que incorporem melhoria na qualidade do trabalho e para a mão de obra (projetos de responsabilidade social, educação, saúde e segurança do trabalho, cultura, esporte ou lazer) e o Senai para inovação tecnológica no processo produtivo ou na manufatura finalizada.
No total, R$ 26 milhões serão destinados às empresas (R$ 16 milhões do Senai, R$ 7,5 milhões do Sesi e R$ 2,5 do CNPq). De acordo com a organização, o valor da premiação poderá alcançar R$ 59 milhões com a contrapartida de parceiros, como as universidades, instituições de apoio à pesquisa, cooperativas e os departamentos estaduais do Sesi e Senai. As empresas terão 20 meses para desenvolver os projetos apresentados.
A falta de inovação da indústria instalada no Brasil costuma ser criticada por cientistas e pesquisadores, e também por representes de agências públicas de fomento à pesquisa. Na semana passada, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, declarou que “a indústria tem que ser convencida de que tem que contratar profissionais qualificados. As pessoas acham que o lucro vem no dia seguinte”, disse no último dia da reunião anual que a entidade fez em Goiânia.
O analista de Desenvolvimento Industrial da Unidade de Inovação Tecnológica do Senai, Alysson Andrade Amorim, concorda com a queixa da comunidade científica. Avalia que falta cultura de inovação às empresas e que é necessário articular melhor o mercado e a academia. “A gente precisa melhorar a comunicação e as parcerias firmadas entre universidades e empresas”. Em sua opinião as empresas têm dificuldade para “trabalhar de forma científica e de utilizar tecnologias já existentes para que não haja a reinvenção da roda”.
Amorim considera estratégico as indústrias investirem em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI). “As empresas precisam aprender a inovar e estruturar melhorar suas áreas de PDI e capacitar melhor os grupos para que eles consigam desenvolver ideias, que geralmente estão fundamentadas nos problemas que enfrentam”, disse ao salientar que a inovação torna a economia mais competitiva e reduz dependência externa.
Este ano é a oitava edição do Edital Senai/Sesi de Inovação. A lista dos projetos premiados pode ser vista no site do Senai. O setor com mais empresas premiadas é o de alimentos e bebidas (17 projetos) e o estado com mais indústrias contempladas é o Rio Grande do Sul. Empresas de porte diferente, desde microempresas a empresas de grande porte tiveram projetos acolhidos.
Edição: Rivadavia Severo