Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Representantes da organização não governamental (ONG) Rede de Pré-Vestibulares Comunitários e Educação e Cidadania de Afro-Descendentes e Carentes (Educafro), entidade do movimento negro que luta por Justiça, realizaram no final da manhã de hoje (22) um ato de protesto contra ações de discriminação racial, em frente ao prédio do escritório central do Grupo Pão de Açúcar.
O Grupo Pão de Açúcar divulgou nota informando que entrou em contato com a ONG Educafro e que "reiterou suas diretrizes de repúdio a qualquer ato discriminatório". Segundo a nota, a empresa "pauta suas ações no respeito aos direitos humanos e à integridade de todos os que frequentam as suas lojas, bem como os que contribuem com a sua operação". A empresa assegurou que "não admite qualquer forma de discriminação relativa à raça, gênero, orientação sexual, cor, religião, idade, origem étnica, incapacidade física ou mental ou qualquer outra classificação protegida por leis federais, estaduais ou municipais".
Com megafones, cartazes e bandeiras, integrantes da Educafro procuraram chamar a atenção do público e pressionar a diretoria do grupo a marcar uma reunião para negociar um meio de coibir a discriminação racial. “Queremos propor um treinamento antirracista para os funcionários com o objetivo de erradicar os comportamentos preconceituosos”, disse Marcelo Antônio de Jesus, um dos coordenadores do ato.
Segundo ele, a organização analisa cinco casos de maus tratos em estabelecimentos comerciais. Entre os processos está o de duas mulheres - mãe e filha - vítimas de discriminação, no último dia 7, após fazer compras no Supermercado CompreBem, no bairro de Itaquera, zona leste da cidade.
Quando as clientes já estavam a 100 metros de distância do local, de acordo com Santos, foram abordadas por um segurança. Dizendo-se policial, o homem disse a elas que “alguém as viu furtando algo e que seriam suspeitas por serem negras”.
Sobre este caso ocorrido em 7 de julho, o Grupo Pão de Açúcar havia emitido o seguinte esclarecimento: “O CompreBem repudia qualquer ato discriminatório e informa que suas ações são sempre pautadas no respeito à integridade e aos direitos humanos e promove contínuo treinamento dos seus colaboradores para o cumprimento das leis e do Código de Ética do grupo. A rede colabora e aguarda a investigação dos órgãos competentes para esclarecimento do fato”.
Criada há um ano, a Lei Estadual 14.187, que prevê punição administrativa para casos de discriminação racial e étnica no estado de São Paulo, permitiu a formulação de 68 denúncias na Secretaria Estadual de Justiça e Defesa da Cidadania. Desee total, 37 foram feitas na capital, 11 na região metropolitana de São Paulo e 20, no interior. Os dados foram apurados pela Agência Brasil, no último dia 19, durante o primeiro seminário sobre os resultados da lei.
Texto atualizado às 19h30 para acréscimo de informações
Edição: Rivadavia Severo