Da Agência Brasil
Brasília - O advogado da Construtora Anhanguera Otávio Carneiro disse à Agência Brasil que a empresa não recebeu qualquer comunicado da Universidade de Brasília (UnB) para paralisar a obra de extensão do Hospital Universitário de Brasília (HUB) por decorrência da falta de segurança. “Infelizmente, não temos nenhum registro na empresa de que ela tenha sido comunicada. Nem verbalmente e muito menos por escrito”, afirmou Carneiro. Ontem (21), três operários morreram soterrados em um buraco que estava sendo aberto pela construtora.
O vice-reitor da UnB, João Batista de Sousa, disse que, na última quarta-feira (20), um dia antes do acidente, o fiscal de segurança da universidade Josafá Silva determinou que a parte da obra onde estavam sendo feitas as escavações fosse paralisada, mas o trabalho teria sido retomado logo após o fiscal deixar o local.
“Nós estranhamos o fato do senhor Josafá ter emitido essa opinião, porque ele não é engenheiro, nem técnico em segurança do trabalho. Ele é um simples mestre de obra. Acreditamos que ele não tenha conhecimento técnico necessário para fazer uma afirmação dessa gravidade”, disse o advogado da empreiteira.
De acordo com Otávio Carneiro, a empresa não recebeu nenhuma comunicação sobre qualquer tipo de irregularidade ou de falta de segurança que pudesse pôr em risco a vida dos operários. Segundo o advogado, no momento do acidente, os operários estavam fazendo o escoramento da vala. “A empresa não iria brincar ou arriscar a vida dos funcionários se tivesse sido comunicada”, garantiu o advogado.
Apesar das afirmações do advogado da Construtora Anhanguera, documento divulgado pela UnB na internet confirma que, no último dia 8, a empresa foi notificada pela falta de escoramento correto na escavação do local onde está sendo implantada a rede de esgoto do prédio do Instituto da Criança e do Adolescente (ICA) do HUB. A UnB suspendeu, temporariamente, o contrato com a construtora e abriu sindicância para investigar as causas do acidente.
A Polícia Civil do Distrito Federal abriu inquérito para apurar a responsabilidade da morte dos três operários. Os depoimentos das testemunhas, que começaram a ser ouvidas ontem (21), serão confrontados com os laudos da perícia técnica e com o histórico da obra. O laudo com as causa do acidente deve ficar pronto em 30 dias.
Edição: Vinicius Doria