Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Organizações da sociedade e movimentos ambientalistas estão se articulando para tentar influenciar as decisões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro, em 2012.
A ideia é reunir entidades para instalar a Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que funcionará paralelamente à conferência. A cúpula também acompanhará os eventos preparatórios para a Rio+20.
Cerca de 150 entidades de 27 país querem garantir a aprovação de propostas para o fim de problemas ambientais que acentuam desigualdades sociais, além de chamar atenção para o mito da "economia verde", segundo o representante dos povos indígenas Marcos Terena.
"Não vamos permitir que o argumento da 'economia verde' olhe para a Amazônia, as florestas, a natureza, como mais uma fonte mercadológica capaz de atender as mesmas pessoas que estão destruindo o meio ambiente: os grandes blocos industriais, econômicos e até estatais", disse.
Para Fátima Mello, que integra a Rede Brasileira de Integração dos Povos, os países têm dificuldades de assumir compromissos com medo de prejudicar as economias, mas a Rio+20 pedirá que comecem imediatamente um novo ciclo de economia comprometido com as novas realidades ambientais.
"Vamos afirmar que não haverá uma RIO+40. Nosso planeta não aguentará isso. Vamos dizer claramente que estamos cansados de conferências sem capacidade implementação e compromissos que não são condizentes com a crise do nosso planeta", disse.
Para organizar a Cúpula dos Povos, que deve promover debates, palestras e outros eventos durante a Rio+20, no Aterro do Flamengo, as organizações se reúnem até amanhã (2), na capital fluminense. Estima-se a presença de 500 pessoas de diversas organizações.
Os ativistas avaliarão a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio92 ou Eco 92, que há 20 anos discutiu medidas para frear o aquecimento global, como o Protocolo de Quioto. O documento propôs a redução da emissão de gases de efeito estufa.
A expectativa é que outros assuntos, como os impactos sociais e ambientais das obras para Olimpíadas e a Copa do Mundo, também sejam debatidos. O ativista sul-africano Brian Ashley disse que está impressionado em ver as semelhanças nas reivindicações na África do Sul, último país a organizar a Copa, e no Brasil em relação ao evento esportivo.
"De repente, apareceu dinheiro para construção de elefantes brancos, como os estádios. Estamos vendo isso aqui também", disse. Segundo ele, na África do Sul o problema dos transportes no país vem desde o Apartheid, e não foi resolvido com os investimentos da Copa do Mundo de 2010.
Edição: Aécio Amado