Da BBC Brasil
Brasília – O vice-presidente da Venezuela, Elias Jaua, conclamou os simpatizantes do governo a mostrar “unidade” e “disciplina socialista”, e disse que a direção do país continuará atuando "sem fraturas" mesmo após o presidente Hugo Chávez admitir que sofre de câncer.
"Com otimismo e esperança do presidente temos que, povo e governo, continuar avançando", afirmou Jaua, durante uma transmissão feita no palácio de governo.
"Exortamos todos os poderes públicos a unir-se na consolidação do Estado democrático", afirmou o vice-presidente, acompanhado da maior parte dos integrantes do gabinete.
Homem de confiança de Chávez, Jaua está à frente do governo desde que o presidente adoeceu. Para Jaua, "não é tempo para recuar". "Unidade é o que precisamos nesse momento", acrescentou.
Jaua afirmou que, apesar da ausência de Chávez, o governo "aprofundará" as reformas da revolução bolivariana.
Em cadeia nacional de rádio e TV, Chávez admitiu na noite de ontem (30) que foi submetido a uma segunda cirurgia para retirar um tumor cancerígeno na região pélvica. Segundo ele, o líder cubano Fidel Castro foi quem lhe deu a notícia.
"Fidel Castro em pessoa, o mesmo do Quartel Moncada, o mesmo do [barco] Granma, o mesmo da Sierra Maestra, o gigante de sempre, veio me anunciar a dura notícia da descoberta do câncer", relatou Chávez, durante pronunciamento à população.
O governo pediu à oposição "respeito" à saúde do presidente. Em mensagens no Twitter, analistas políticos ligados à oposição pediram moderação aos políticos antichavistas.
Para o diretor do Instituto Datanalisis, Luis Vicente León, "as declarações de Chávez são tão importantes que não é possível antecipar seu impacto até que seja absorvida".
Apesar dos rumores que antecipavam a notícia do câncer de Chávez, os venezuelanos reagiram com surpresa e preocupação ao anúncio feito ontem.