Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – A capital paranaense será a primeira a integrar o programa do governo federal de cadastramento dos integrantes de torcidas organizadas de times de futebol, medida prevista no Estatuto do Torcedor para combater a violência nos estádios. O projeto Torcida Legal foi lançado hoje (28) em Curitiba, pelo Ministério do Esporte, e nos próximos 12 meses deve cadastrar todas as torcidas organizadas do país – estimadas em 475.
Segundo a coordenadora da Assessoria Especial de Futebol do Ministério do Esporte, Sara Carvalho, a ideia é traçar um perfil de quem frequenta os estádios para identificar o mau torcedor. “Queremos mudar a cultura da ida aos estádios. Voltar aos velhos tempos, quando toda a família comparecia sem medo da violência. A cultura do esporte é a agregação das pessoas, é isso que queremos retomar”, disse ela.
O cadastro consiste na coleta de digitais, fotos e na conferência de documentos. Será realizado pelo sistema de identificação biométrica, similar ao da Justiça Eleitoral, que utiliza a impressão digital. A assessora lembrou que muitas vezes um torcedor, isoladamente, arruma confusão e acaba comprometendo toda a torcida. “Com o cadastro, vamos agir com os rigores da lei em relação apenas ao infrator”.
A iniciativa recebe o apoio do Ministério Público do Paraná, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba. Para o promotor Maximiliano Ribeiro, organizador da ação no estado, o Ministério do Esporte atende ao interesse de todos - “da população, dos órgãos públicos, das torcidas e dos clubes. Mas o projeto só vai dar certo se contar com a colaboração de todos. Isoladamente não vai funcionar”.
Segundo o promotor, esta é uma oportunidade de conhecer o torcedor bem intencionado. “O mau torcedor não vai querer ser inserido em um programa de ajustamento de conduta”, comentou.
Júlio Cezar, presidente da torcida organizada Fanáticos, do Atlético Paranaense, disse que este é mais um ato para garantir a sobrevivência das torcidas. “No nosso histórico, temos aproximadamente 26 mil pessoas. Mas não estamos preocupados com quantidade, queremos qualidade e atitude das pessoas. Nossa prioridade é a família indo ao campo”.
Para Luiz Fernando Papagaio, presidente da Império Alviverde, do Coritiba, não é só o cadastramento que vai acabar com a violência, “tem que haver mais comprometimento entre todos os setores, principalmente dos clubes”.
Edição: Graça Adjuto