Da Agência Brasil
Brasília - De 2008 a abril deste ano, 1.382 pessoas em todo o Brasil foram internadas para tratamento de queimaduras provocadas por fogos de artifício, segundo dados do Ministério da Saúde. Durante as festas juninas de 2010, 168 pessoas foram internadas com queimaduras.
De acordo com a coordenadora da área técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes da Secretaria de Vigilância em Saúde, Marta Silva, no período das festas juninas, os casos aumentam devido a práticas consideradas de risco, como soltar balões e fogos de artifício e montar fogueiras.
Entre 1996 e 2009, foram registradas em todo o país 122 mortes em decorrência de acidentes com fogos de artifício. Do total, 48 mortes (39%) ocorreram na Região Nordeste, onde a tradição de festas juninas é maior. Em seguida, vêm o Sudeste, com 41 mortes (34%), e o Sul, com 21 (17%). O Centro-Oeste e o Norte registraram, juntos, 12 mortes, que representam 10% das ocorrências.
De acordo com Marta Silva, os homens representam a maioria das internações e dos óbitos. “O ideal seria evitar a queima de fogos, mas, se for fazer, é preciso seguir as orientações do fabricante e tomar todos os cuidados preventivos”, orienta.
O chefe da Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Mário Frattini, lembra que acidentes relacionados à queima de fogos de artifício podem gerar danos irreversíveis. “Além das queimaduras, as explosões podem causar mutilação de dedos, perda da visão e até mortes.”
O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal alerta que a maioria dos casos de queimaduras em decorrência das tradições juninas poderia ser evitada com medidas simples de segurança. “Boa parte dos acidentes acontece por negligência das pessoas ao manusearem esses artefatos explosivos”, disse o major Fábio Ribeiro.
Para evitar os riscos, é preciso observar algumas medidas de segurança como verificar as instruções do fabricante, não segurar os fogos de artifício com as mãos e conferir o certificado de garantia do produto. Também é importante não consumir bebida alcoólica ao manusear fogos, não deixar crianças usarem esses produtos e não soltar os rojões perto do rosto.
Sobre as fogueiras, o major destaca que não se deve acendê-las com álcool líquido, para evitar explosões. Quem quiser orientações do Corpo de Bombeiros pode ligar para o telefone 193. “O ideal é isolar as fogueiras para que as crianças não se aproximem, pois elas se sentem atraídas pelo fogo.”
Os balões de São João também oferecem muitos perigos, pois podem cair acesos em florestas, residências e indústrias, causando acidentes graves. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (nº 9.065, de fevereiro de 1998) é crime soltar, fabricar, vender ou transportar balões “que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação”. A pena prevista varia de um a três anos de detenção e/ou pagamento de multa. Para denunciar a prática, as pessoas devem ligar para os números 193 (Corpo de Bombeiros) ou 190 (Polícia Militar).
Em caso de acidentes, se a queimadura for leve, quando a pele fica avermelhada ou com bolhas, deve-se lavar com água corrente, proteger com uma toalha limpa e procurar o médico o mais rápido possível. Marta Silva diz que não devem utilizados remédios caseiros e pomadas.
Queimaduras profundas, que arrancam a pele, não deve ser lavadas. A orientação é proteger o local machucado com uma toalha limpa e procurar imediatamente o serviço de saúde especializado.
O médico Mário Frattini explica que o uso de medicamentos caseiros pode infeccionar a lesão e dificultar o diagnóstico. Segundo ele, as técnicas de tratamento de queimados têm evoluído, mas alguns casos ainda podem deixar sequelas. “O tratamento de queimados é caro, doloroso e prolongado, e muitas vezes deixa sequelas. Por isso, prevenir é a melhor solução”, destaca o médico.
Edição: Juliana Andrade