Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Próximo de completar 100 anos em setembro deste ano, o Teatro Municipal de São Paulo reabre suas portas ao público neste domingo (12) com a apresentações da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coral Lírico e do Quarteto de Cordas da Cidade.
Até o fim do ano, o Teatro Municipal deverá oferecer mais de 94 espetáculos de dança, recitais de música, concertos sinfônicos e óperas. A intenção, segundo o maestro Abel Rocha, diretor da instituição, é fazer com que ele volte a ser um espaço de referência cultural nacional assim como foi no passado, quando abrigou, por exemplo, a Semana de Arte Moderna, também conhecida como Semana de 22, em que artistas brasileiros promoveram manifestações de vanguarda.
“Nossa programação, com certeza, refletirá toda essa diversidade cultural que é a cidade de São Paulo, formada por pessoas de várias etnias, de vários lugares, gostos, línguas, culturas e sociedades diferentes. O Teatro Municipal será um reflexo disso tudo. A modernidade e a tradição estarão presentes aqui de uma maneira muito marcante nos espetáculos que vêm para cá, nos espetáculos que serão criados pelo teatro ou que serão recebidos dentro do nosso palco”, destacou o maestro, em entrevista à Agência Brasil.
Foram três anos de reformas e obras de restauração, que consumiram um total de R$ 27 milhões, recursos provenientes principalmente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – cerca de 85% do total – e da prefeitura. Segundo a prefeitura, R$ 7,2 milhões foram utilizados para a reforma do salão nobre, da fachada e do restaurante. Outros R$ 19 milhões foram empregados nas reformas das poltronas e na atualização tecnológica do palco. O restante, cerca de R$ 1,5 milhão, foi utilizado para a pintura e restauração interna do prédio.
Segundo o diretor do teatro, as obras de restauração recuperaram toda a parte decorativa, como vitrais, luminárias, lustres e mármores. A obra de atualização do palco aumentou o número de varas de cenário, passando de cerca de 33 para 77, e promoveu uma grande reforma acústica. “O palco ganhou nova concha acústica e o fosso foi remodelado para que se possa oferecer o melhor resultado acústico a quem assiste aos espetáculos. Com certeza, depois dessa reforma, o Teatro Municipal vai ser um dos palcos mais importantes do estado e do país”, acrescentou Abel Rocha.
De acordo com ele, essas reformas e restaurações vão permitir que o teatro receba, inclusive, muitos espetáculos internacionais. A programação também inclui apresentações do corpo estável do teatro, que é formado pela Orquestra Sinfônica Municipal, o Coral Lírico, o Coral Paulistano, o Quarteto de Cordas e o Balé da Cidade. No fim do ano que vem, segundo o maestro, também será inaugurada a Praça das Artes, com a construção de novos prédios ao lado do Municipal, onde serão instalados o corpo estável e as escolas de formação, como a Orquestra Experimental de Repertório e as escolas municipais de Bailado e de Música.
A programação do local pretende ressaltar sua tradição de óperas e de balés. “A coisa mais importante da casa é a programação de ópera. O teatro é especializado nisso. O prédio foi construído para isso e é o grande teatro de ópera da cidade. Então, não podemos nos furtar de oferecer isso como espetáculo. A Orquestra Sinfônica continuará existindo, mas dará grande ênfase na relação coral-sinfônica, com vozes, exatamente por ser o Municipal um teatro onde o canto é muito importante”, destacou.
“Recuperar o espaço para os artistas da casa, que vão mostrar sua arte e mostrar a pujança do Teatro Municipal para a cidade, e trazer de volta o público para o teatro farão essa casa ter alma novamente”, disse Rocha.
Edição: Graça Adjuto