Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A elevação da taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano, na última quarta-feira (8), “tem pouco impacto nas taxas de juros das operações de crédito” porque existe grande descompasso entre a taxa definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e as taxas efetivamente cobradas ao consumidor.
A afirmação é do vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Com base em pesquisa feita pela Anefac na semana passada, ele disse que a taxa média cobrada do consumidor pessoa física estava em 121,96% ao ano, o que dava uma variação de mais de 900% em relação aos 12% da Selic de então.
Segundo ele, os juros médios cobrados pelo comércio eram 5,73% ao mês (95,15% ao ano), a taxa média dos cartões de crédito era 10,69% ao mês (238,30% ao ano), o cheque especial tinha juros de 8,12% ao mês (155,20% ao ano) e o empréstimo pessoal nos bancos custava 4,79% ao mês (75,32% ao ano) em média.
O impacto do aumento de 0,25 ponto percentual na Selic deve elevar os juros do comércio para 5,75%, do cartão de crédito para 10,71% e do cheque especial para 8,14%, com efeito mínimo para o consumidor, de acordo com Miguel Oliveira.
Ele citou simulação da Anefac, segundo a qual uma geladeira no valor de R$ 1,5 mil à vista era financiada em 12 vezes, com taxa de 5,73%, ao preço final de R$ 2.115,36. Agora, com taxa de 5,75%, a mesma geladeira, financiada em igual prazo, vai sair por R$ 2.117,64. Um acréscimo de R$ 2,28 apenas, que não afugenta ninguém, principalmente em um cenário de confiança quanto ao aumento de emprego e da renda, acrescentou.
Pesquisa realizada pelo Procon de São Paulo, no início deste mês, confirma as posições do dirigente da Anefac. Números divulgados na última quinta-feira (9), baseados nas tarifas cobradas pelos sete maiores bancos, mostram que a taxa média do empréstimo pessoal estava em 5,60% ao mês e a taxa média do cheque especial em 9,53%.
Essas mesmas taxas estavam em 5,34% e 9,13%, respectivamente, no início de janeiro deste ano. Nesse período, a taxa Selic subiu de 10,75% para 12,25%, numa correlação de ajustes mais fortes do que nos juros de mercado, o que mostra que as duas vertentes não têm ligação direta, segundo o dirigente da Anefac.
Para ele, os reajustes de juros do mercado resultam mais dos aumentos do compulsório bancário, em dezembro do ano passado, e da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de empréstimo externo com resgate inferior a dois anos. Essas medidas reduziram a oferta de crédito bancário.
Edição: Graça Adjuto