Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A senadora gaúcha Ana Amélia, do PP, decidiu hoje (6) assinar o pedido de convocação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o crescimento patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Com a assinatura de Ana Amélia, que é de um partido que integra a base aliada do governo, faltam apenas sete nomes para completar os 27 necessários para abrir uma CPI no Senado.
A instalação da CPI foi pedida pelos partidos de oposição. Em discurso, Ana Amélia disse que atua de maneira independente. “Essa minha atitude de independência é que me faz tratar com o governo republicanamente e agora dizer que, em relação ao ministro Palocci, estava aguardando a manifestação da Procuradoria-Geral da República. Como o procurador-geral tem retardado essas informações e, como nas entrevistas, o ministro Palocci, a meu juízo, não foi suficientemente esclarecedor das dúvidas, que continuam pairando, hoje assinarei a CPI para investigar essas questões”.
A pressão pela saída do ministro Antonio Palocci também aumentou entre os sindicalistas. A Força Sindical divulgou hoje (6) nota assinada pelo presidente da central, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), na qual pede a imediata saída do ministro. Segundo o líder sindical, a situação de Palocci está “contaminando” o governo da presidenta Dilma Rousseff e prejudicando a continuidade dos projetos dela.
“O imediato afastamento do ministro só trará benefícios para o país, que vive um bom momento econômico, com pleno emprego e sinais de controle inflacionário, mas começa a sentir a paralisia política do governo devido às incertezas que cercam o atual ocupante da Casa Civil do Palácio do Planalto”, disse o deputado. Para ele, o ministro se tornou “refém do silêncio” e as explicações dele não são suficientes para arrefecer o desgaste que vem sofrendo. “As evidências de ter praticado atitudes não republicanas que pairam sobre o ministro fazem com que sua credibilidade vá, a cada dia, se deteriorando”.
Apesar do aumento da pressão pela saída do ministro, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), repetiu hoje que não há crise no governo. Para ele, as explicações de Palocci em entrevistas veiculadas no Jornal Nacional da TV Globo, na sexta-feira (3) e no diário Folha de S.Paulo, sábado (4), foram esclarecedoras. “Não há nenhum escândalo envolvendo o ministro. Ele trabalhou na iniciativa privada, prestou contas, pagou seus impostos, foi antes de assumir o governo”, afirmou Jucá.
Apesar de garantir que está confiante de que a base aliada atuará unida para evitar tanto a instalação da CPI quanto a convocação do ministro para prestar contas ao Congresso, Jucá admitiu o desgaste da imagem de Palocci. “É um desgaste pessoal, que o ministro está explicando, está suportando. O governo está funcionando, não está paralisado. Enquanto o ministro Palocci tiver condições de tocar o ministério, terá a confiança da presidenta Dilma e vai continuar no cargo”, completou o líder governista.
Outro partido aliado, o PCdoB, cuja direção se reuniu ontem (5), também divulgou nota na qual reafirma o apoio à presidenta Dilma. Os comunistas acusam as forças contrárias ao governo de tentar desestabilizá-lo com intrigas que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticado por tentar contornar a crise envolvendo o ministro. “O partido opina que a crise na qual está envolto o ministro Antonio Palocci exige uma solução que fortaleça a autoridade da presidente Dilma na condução política do governo. Esta resposta corresponde aos anseios da base aliada e da maioria da Nação. Nesta hora, em defesa dos interesses da Nação e dos trabalhadores, o PCdoB repele qualquer tentativa de desestabilização do governo Dilma”, diz o texto.
O ministro Antonio Palocci vem sofrendo acusações de tráfico de influência e enriquecimento ilícito desde o último dia 15, quando uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o patrimônio dele aumentou 20 vezes entre 2006 e 2010. No ano passado, Palocci coordenou a campanha eleitoral da presidenta Dilma Rousseff.
Edição: Vinicius Doria