Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) vai distribuir o material didático que versa sobre a tolerância ao homossexualismo, o chamado kit anti-homofobia, de maneira autônoma. Foi o que informou hoje (6) o presidente da APOGLBT, Ideraldo Beltrame.
O kit, que ia ser distribuído pelo Ministério da Educação (MEC), mas foi suspenso pela presidenta Dilma Rousseff, para avaliação por parte de assessores da Presidência, causou polêmica que envolveu parlamentares das bancadas católica e evangélica da Câmara dos Deputados. “O material didático que combate a homofobia nas escolas não é kit gay. Essa palavra é ruim, simboliza que queremos transformar as pessoas em gays. Não lutamos por isso. Lutamos pelo respeito e cidadania”, afirmou.
Segundo Beltrame, se o MEC de fato desistir de fazer o kit e de distribui-lo nas escolas, a associação assumirá a tarefa. “Esse kit vai ser distribuído porque o ministro da Educação já fez esse compromisso com o movimento. Se não o fizer de forma oficial, faremos de forma autônoma e colocaremos em praças públicas”, afirmou.
Beltrame disse ainda que a tradicional Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) da Avenida Paulista, que este ano ocorre no dia 26 de junho, terá uma motivação mais política que nos anos anteriores. Com o lema “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia”, a parada pretende questionar o posicionamento de grupos religiosos que são contra a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 122, que criminaliza a discriminação contra homossexuais.
Para reforçar a abordagem, a APOGLBT vai promover, durante todo o mês de junho, uma série de atividades, tais como debates, feiras e até um ato interreligioso, com representantes das igrejas anglicana, metodista, luterana, centros espíritas, pais de santo e um padre católico, contra a homofobia. “Nossos agressores mudaram. Antes, os GLBTs eram agredidos por grupos neonazistas e fascistas declarados. Agora, estamos sendo agredidos por filhos da classe média. Mudou-se o perfil da agressão”, afirmou Beltrame.
Na avaliação de Beltrame, um dos problemas que está impedindo a aprovação da PLC 122 é a desinformação das pessoas com relação à matéria. “Um dos maiores problemas, e não só para a homofobia, mas da discriminação, é a desinformação. Quando se causa um rebuliço e uma confusão na cabeça das pessoas, você provoca a formação de uma opinião antecipada, que chamamos de preconceito”, afirmou. Para ele, a bancada religiosa do Congresso Nacional tem contribuído para essa desinformação.
No ano passado, segundo Beltrame, mais de 260 homossexuais foram assassinados em todo o Brasil. Só em São Paulo, entre junho de 2006 e o final de 2009, mais de 930 casos de violência contra homossexuais foram relatados ao Centro de Combate à Homofobia.
Edição: Lana Cristina