Da Agência Lusa
Brasília – Sob pressão de vários partidos políticos do Japão, o primeiro-ministro do país, Naoto Kan, recusou-se hoje (1º) a deixar o cargo. A resistência de Kan gerou a divulgação de uma moção de censura, assinada por vários líderes partidários, contra a iniciativa dele.
As críticas a Kan se intensificaram por causa das medidas adotadas pelo governo após o terremoto seguido por tsunami, em 11 de março, agravadas pelos acidentes nucleares. Pelos dados oficiais, pelo menos 24 mil pessoas morreram ou desapareceram desde então.
O primeiro-ministro foi criticado por atrasos na reconstrução de casas para os desalojados, pela falta de transparência na informação e falta de liderança. Kan assumiu o cargo há exatamente um ano, depois da demissão de Yukio Hatoyama.
“O que as pessoas mais querem é que trabalhemos juntos para a reconstrução e para resolver a crise nuclear”, afirmou Kan, no Parlamento. “Eu tenho de responder às necessidades das pessoas e isso é a minha responsabilidade.”
Amanhã (2), a moção será votada pelo Parlamento japonês. O documento foi articulado pelo Partido Liberal Democrata (PLD), que governou o Japão a maior parte do tempo da sua história recente. Segundo o comando do partido, o primeiro-ministro perdeu a “credibilidade para o povo japonês”.
Os analistas japoneses têm dúvidas sobre a votação dessa moção, uma vez que o Partido Democrático (PD) do primeiro-ministro controla a Câmara dos Deputados (480 lugares). Porém, alguns deputados do PD poderão apoiar a moção de censura e obrigar Kan a renunciar.
O ex-secretário-geral do PD Ichiro Ozawa afirmou que apoiará a moção de censura. O Partido Novo Komeito, segundo maior da oposição, anunciou que apoia a moção.