Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Há pouco mais de uma semana, as autoridades chilenas iniciaram as investigações preliminares sobre a morte do ex-presidente Salvador Allende (1970-1973). Reportagem exibida pela rede estatal de televisão do país, a TVN, informa que Allende morreu com dois tiros no cérebro. As informações são de um relatório da Promotoria Militar do Chile, localizado em uma casa em demolição, a que a emissora teve acesso.
No último dia 23, os restos mortais de Allende foram exumados do mausoléu da família no Cemitério Geral de Santiago. Uma equipe de 11 profissionais trabalham nas análises de antropologia e exames de sangue. A série especial sobre a morte de Allende foi produzida pela jornalista Paulina Allende-Salazar.
Independentemente dessas informações, uma equipe formada por médicos, antropólogos e biológos, entre outros profissionais, sob o comando do Ministério Público e do Serviço Médico-Legal, examina os restos mortais do ex-presidente.
A operação é acompanhada pela família Allende, que acredita na hipótese de suicídio, versão dada para a morte do ex-presidente. Na sociedade chilena, há dúvidas sobre a causa da morte de Allende, ocorrida há quase 38 anos.
Em 1990, os restos mortais de Allende foram exumados para receber as honras de chefe de Estado. Mas é a primeira vez que a Justiça do Chile abre um inquérito para investigar as circunstâncias da morte do ex-presidente - último chefe de Estado democraticamente eleito no país antes do golpe militar de 1973.
As investigações sobre a morte de Allende são comandadas pelo representante do Ministério Público do Chile, ministro Mario Carroza. Allende morreu em 11 de setembro de 1973, quando as forças do general Augusto Pinochet invadiram a sede do governo, o Palácio de La Moneda, onde estava o então presidente. Durante o golpe militar, a informação divulgada sobre a morte de Allende era que ele se matou com um tiro.
O caso do ex-presidente está entre 726 processos envolvendo vítimas de violação de direitos humanos durante o período militar no Chile – de 1973 a 1990. A ditadura do ex-presidente Augusto Pinochet é considerada por historiadores uma das mais violentas da América Latina.
Edição: Graça Adjuto