Daniella Jinkings e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Muitas comunidades ciganas que vivem no país ainda cultivam tradições de séculos passados. Além do nomadismo de algumas famílias, é comum ver jovens entre 13 e 15 anos casando-se e formando família. Em muitos casos, a união é feita entre parentes.
De acordo com Elias da Costa, líder de um acampamento Calom no Distrito Federal, os ciganos se casam cedo para garantir a união da comunidade. A festa de casamento chega a durar três dias. “A gente se casa cedo porque é uma tradição de muito tempo. Para segurar a nossa adolescente, para que ela fique dentro da comunidade. Como cigano nunca estudou, nunca se formou, se casa cedo.”
Daqui a dois meses, o filho de Elias, de apenas 14 anos, vai se casar com uma adolescente de 13. O casamento foi combinado entre os pais dos noivos, pois, segundo a tradição, ciganos são proibidos de namorar. Entre os Calom, não há dote, mas uma ajuda conjunta da comunidade para que o casal comece a vida conjugal.
“O primeiro dinheiro do comércio, para ele começar [o negócio], sou eu que dou. Por exemplo, vou dar um carro para ele começar a vender as coisas. Mas ele tem dinheiro para comprar a mercadoria e começar a vender”, disse Elias.
No clã Rom, os casamentos também têm festas que duram três dias e custam até R$ 140 mil. A família da noiva costuma oferecer um dote ao noivo. “A cultura cigana é casamento, três dias de festa, 5 mil litros de chope, 20 carneiros no rolete, 16 porcos no rolete, festa grande mesmo”, disse o rom Maicon Martins.
O casamento entre pessoas do mesmo clã não é mais uma regra tão rígida para os ciganos, segundo Nicolas Ramanush, do clã Sinti.
Eles gostam de preservar sua identidade cultural. As mulheres Calom gostam de usar saias longas e acessórios, como pulseiras e brincos. A maquiagem é essencial. A influência brasileira, entretanto, já mudou alguns hábitos ciganos. Em uma comunidade de ciganos Calom em Planaltina, cidade do Distrito Federal, os homens não dispensam o cinto com fivela nem o chapéu de caubói. As canções ciganas cederam lugar à música sertaneja.
Já as mulheres Rom e Sinti mantêm a tradição de usar saias longas apenas em festas. “Nós usamos calça, fazemos o que queremos, somos donas do nosso nariz”, diz a cigana Rom Vanessa Martins.
As músicas, com influência europeia, são tocadas por grupos musicais formados por pessoas do próprio clã. As mulheres dançam para acompanhar o ritmo.
Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo
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