Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, defendeu hoje (17) o engajamento da rede hoteleira no combate à "teia" de exploração sexual de crianças e adolescentes. Para a ministra, os empresários do setor e os trabalhadores de turismo devem reforçar os serviços de proteção às vítimas gerenciados pelos governos.
"Quando grandes redes hoteleiras dizem não à exploração sexual, estão cuidando, estão prestando mais atenção na hospedagem de crianças e na situação de meninos e meninas desacompanhadas em torno de motéis e hotéis", afirmou a ministra, ao abrir uma oficina sobre o tema na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Maria do Rosário disse que, diante de qualquer situação suspeita, os funcionários de hotéis, bares e restaurantes podem chamar a polícia ou acionar o Disque 100. "O Conselho Tutelar não pode operar sozinho no desmonte de uma rede de exploração, de aliciamento, que é armada e perigosa. Precisa ter uma atuação com as polícias".
A chefe da Assessoria de Responsabilidade Social da Firjan, Ana Cistina Madeira, disse que a parceria com as empresas é fundamental para identificar a prática e que 41 companhias no Rio já aderiram ao programa da Secretaria de Direitos Humanos com esse objetivo. "É possível mobilizar funcionários, a cadeia produtiva, fornecedores e clientes, de forma prática", reforçou.
Na oficina, a professora Glória Diógenes da Universidade Federal do Ceará, especialista no tema, alertou para que os profissionais que atuam nos órgãos ligados à questão, de policiais a psicólogos, fiquem atentos para não reproduzir seus "próprios padrões de referência moral' e aprendam a "escutar" as vítimas desse tipo de exploração.
"Quando uma menina diz que quer ir fazer programa na Europa é preciso escutá-la e mostrar alternativas de trabalho. É preciso fazê-la perceber a situação na qual está inserida, sob pena de vitimizá-la novamente", observou Glória. A professora defendeu a integração da rede de combate à exploração sexual com programas assistenciais e de capacitação profissional para a vítima e sua família.
Sobre as ações do governo no combate à exploração sexual de crianças, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos informou que foi intensificado o controle de voos fretados para identificar turistas que tenham abusado sexualmente de uma criança ou adolescente. Maria do Rosário disse que têm avançado os acordos com diversos países para impedir que estrangeiros abusadores de crianças não fiquem impunes nos seus países de origem.
Ela alertou, porém, para que não se estabeleçam estigmas e registrou que turistas brasileiros também estão envolvidos nesse tipo de crime. "Não podemos estabelecer estigmas". Segundo Maria do Rosário, a exploração sexual de crianças e adolescentes é mais frequente no Nordeste, onde algumas jovens chegaram a morrer por "exaustão sexual".
Edição: Lana Cristina