Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A história da Fazenda Nacional de Santa Cruz começa em 1567, quando o Império doa a área a Cristóvão Monteiro pelos serviços prestados na expulsão dos franceses que dominavam a região. Após sua morte, o local acabou entregue aos padres da Companhia de Jesus, conhecidos como jesuítas, que foram expulsos do Brasil em 1759.
As terras foram incorporadas pela Coroa Portuguesa e a sede da fazenda se transformou, com a chegada da Família Real, em 1808, em um palácio de veraneio utilizado por dom João VI, dom Pedro I e dom Pedro II. A fazenda era ligada à capital por uma estrada batizada de Caminho Imperial, da qual até hoje se tem resquícios em algumas avenidas da cidade.
Durante muito tempo a fazenda foi um dos principais polos econômicos do Império, com farta produção de leite, carne e couro, abastecendo as demandas da Corte. Após a proclamação da República, já nos anos 20 do século passado, o palácio passou a abrigar o Batalhão Escola de Engenharia do Exército.
Mas o papel desempenhado no passado foi incapaz de garantir para a Fazenda Nacional uma preservação à altura de sua importância histórica, como denunciou Milton Teixeira, especialista em história do Rio de Janeiro.
“O prédio sofreu saques de todas as formas. Perdeu bens culturais e móveis da época. A capela foi destruída, só resta a casca externa. Em qualquer lugar do mundo, um prédio que foi um palácio real e imperial mereceria um tratamento melhor. Infelizmente, aqui não tem nada além de um tombamento [pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan], que não protege propriamente o imóvel”, apontou Teixeira.
Entre outras medidas para proteger o prédio, o historiador sugere uma parceria com o Exército, por meio da Diretoria de Assuntos Culturais. “Eu creio que, se houver interesse, o Exército pode perfeitamente realizar essa missão.”
Teixeira frisou que é necessário haver ações do Poder Público de resgate da história da Fazenda Nacional de Santa Cruz. Uma das sugestões é a criação de um roteiro turístico na região, pois a maior parte da população desconhece a importância do local.
“Se faz necessário algum tipo de proteção, porque como está é algo altamente degenerativo. Em breve, não vamos ter mais nada lá. Precisamos de um plano completo de revitalização dos bens culturais. Incluindo um projeto turístico, algo que hoje não existe.”
Edição: Lílian Beraldo