Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em época de inflação em alta e restrições ao crédito, comprar o presente de Dia das Mães exige mais cuidados. Para fugir dos preços abusivos e do imposto maior no cartão de crédito e no cheque especial, a dica é pesquisar bastante e parcelar o mínimo possível, segundo a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).
De acordo com Tatiana de Queiroz, advogada da entidade, a pesquisa é essencial para driblar os preços mais altos. A advogada destaca ainda que os consumidores devem percorrer pelo menos três lojas antes de fazerem a compra. Segundo ela, a internet atua como boa aliada nessas horas. “O comprador ganhará tempo se fizer uma pesquisa prévia nos sites das lojas”, comenta.
Para avaliar preços, no entanto, o consumidor precisa conhecer o gosto das mães. “O consumidor deve sair às ruas sabendo a numeração [de roupas e sapatos] e qualquer especificação necessária. Fica mais fácil escolher e comparar valores”, diz.
Encontrar um presente que caiba no bolso tornou-se a principal dificuldade do taxista Francisco Alves, 42 anos, que na semana passada estava em dúvida sobre o que comprar para a mulher. “Comprar presente para minha mulher é complicado, ela só usa coisa de marca”, afirma. Nesse caso, segundo a advogada, uma conversa antes de sair para a loja pode resolver o problema: “Às vezes, o presente de que ela precisa pode ser mais barato. Pode não ser surpresa grande, mas certamente ela gostará.”
Em relação ao crédito, a especialista recomenda que os consumidores evitem recorrer ao crédito rotativo e ao cheque especial. Essas modalidades ficaram mais caras não apenas por causa do aumento dos juros, mas também do reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito a pessoas físicas.
Para a advogada da Proteste, o ideal é pagar à vista. “Além de fugir dos juros, o consumidor que paga tudo na hora às vezes consegue descontos se souber negociar”, diz. “Qualquer tipo de parcelamento tem juros embutidos, mesmo nas lojas que oferecem pagamento em várias vezes sem juros.”
Se o consumidor não tiver como deixar de parcelar, a especialista sugere o cheque pré-datado e o crediário como instrumentos para evitar o IOF maior. Nesses casos, no entanto, ela ressalta que é necessário planejamento para não esquecer o dia dos pagamentos, anotando as datas e até colocando avisos no celular ou no computador para impedir que o valor seja debitado sem dinheiro na conta.
Nas compras com cartão de crédito, a sugestão é pagar o valor total da fatura para não cair no crédito rotativo. De acordo com a especialista, o consumidor deve estar consciente de que precisará ter o dinheiro da mercadoria (ou da parcela) na data de vencimento da fatura. “Se não pagar o valor total da fatura, o cliente na prática toma um empréstimo com juros altíssimos e o presente, no fim das contas, sai mais caro.”
Segundo Tatiana, as precauções podem ser resumidas no seguinte conselho: verificar se a compra está dentro das possibilidades de cada consumidor. “Antes de tudo, o consumidor tem de ver se o presente cabe no orçamento”, explica.
Enquanto os consumidores tentam driblar os preços e os juros altos, as lojas investem em brindes para não perderem vendas. Itamar Cordeiro é gerente de uma loja de calçados em Brasília que lançou uma promoção para atrair filhos e maridos. Quem compra acima de R$ 200 leva de brinde um estojo de maquiagem. “Já estamos até aumentando o número de funcionários”, diz o gerente entusiasmado.
Edição: Lílian Beraldo