Da BBC Brasil
Brasília - A ministra do Esporte da França, Chantal Jouanno, pediu uma investigação na Federação Francesa de Futebol (FFF) a respeito de denúncias de que a entidade estaria adotando, em segredo, uma cota racial para jogadores jovens.
Segundo afirmou nessa quinta-feira (28) o site investigativo francês Mediapart, autoridades da FFF teriam aprovado a limitação de 30% no número de negros e árabes entre 12 e 13 anos nos centros de formação e escolinhas de futebol no país.
Citando fontes da FFF "escandalizadas" com a diretriz, o site afirma que a suposta ordem, mantida em segredo do público, já havia sido comunicada pela Direção Técnica Nacional (DTN) da entidade para as academias de treinamento.
A ministra afirmou que a discriminação racial não tem lugar no esporte e prometeu a manutenção de oportunidades iguais para os atletas do país.
O Mediapart acusou o treinador da seleção francesa, Laurent Blanc, de aprovar a medida. Tanto a FFF quanto o técnico negaram totalmente a adoção da cota racial para jovens.
O assessor de imprensa da seleção, Philippe Tournon, afirmou que Blanc estava "afrontado" com a acusação. Segundo ele, a alegação vai contra a "filosofia" do treinador.
A questão racial tornou-se um assunto delicado no futebol francês depois do mau desempenho da seleção nacional na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, quando o time foi eliminado na primeira fase.
A equipe foi alvo de alegações de que os jogadores negros - seis, ao todo - haviam se rebelado contra o comando da seleção devido a problemas raciais, por não se sentirem à vontade em representar a França - uma ex-potência colonial na África.
A experiência vivida pelo time na África do Sul contrasta com a de 1998, quando a França se sagrou campeã do mundo com um elenco multiétnico, repleto de jogadores brancos, negros e árabes, conquistando a torcida.