Da BBC Brasil
Brasília - Pelo menos 150 suspeitos que ficaram detidos na prisão americana de Guantánamo desde 2002 são inocentes, indicam documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos vazados pelo site Wikileaks.
Os arquivos, publicados em jornais da imprensa estrangeira como The New York Times, Washington Post, El País e The Guardian, revelam uma análise de todas as 780 pessoas que passaram pela prisão de segurança máxima desde 2002.
Independentemente de serem inocentes ou culpados, os prisioneiros são classificados de acordo com a qualidade das informações que podem prover e o risco que representam para a segurança americana.
As autoridades militares americanas consideraram 220 dos prisioneiros de Guantánamo como militantes extremistas de alto risco. Outros 380 presos foram classificados como pessoal de baixo escalão do Talebã.
Pelo menos 150 deles são cidadãos afegãos ou paquistaneses inocentes – motoristas, fazendeiros e cozinheiros – capturados durante operações de inteligência em zonas de guerra.
Em muitos casos os suspeitos foram detidos após serem confundidos com pessoas procuradas ou simplesmente porque estavam no lugar errado e na hora errada, afirmam os memorandos.
O Pentágono qualificou o vazamento dos documentos como "infeliz" e disse que as avaliações foram feitas como "raios-X" que podem estar desatualizados.
Os documentos também revelaram detalhes de supostos planos de ataques terroristas a alvos na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
Sob interrogação, os presos teriam mencionado a suposta existência de uma arma nuclear a ser detonada na Europa em caso de prisão do líder da rede extremista Al-Qaeda, Osama Bin Laden.
Entre outros supostos planos, estaria o de impregnar o sistema de ar condicionado de edifícios públicos americanos com cianeto, um veneno mortal, e recrutar militantes no aeroporto londrino de Heathrow, o mais movimentado da Europa.