Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Desde que foi criado, em 2005, o programa Osasco Solidária já permitiu que 300 pessoas do município paulista passassem a ter renda por meio de seus próprios empreendimentos, seja em cooperativas, empresas familiar, associações ou microempresas.
“O modelo produtivo que temos hoje não consegue absorver toda a mão de obra. Há uma parcela importante da população que fica de fora do mercado de trabalho. Com o programa de Economia Popular Solidária, e este como estratégia de desenvolvimento, conseguimos fazer com que parte da população, que estava muitas vezes desempregada e fora do mercado, conseguisse resgatar a autoestima e voltasse ao mercado repensando em novos modelos socioprodutivos”, disse Magali Onório, coordenadora do programa de Economia Popular e Solidária.
O programa oferece apoio por meio da Incubadora Pública de Empreendimentos Econômicos e Solidários. Com isso, os empreendedores incubados recebem apoio para melhorar seus produtos. Um exemplo desses empreendimentos são as Mulheres de Osasco, que fazem uniformes que são depois distribuídos gratuitamente para as escolas da cidade. Essas mulheres, segundo Magali, chegam a ter uma renda até R$ 1,5 mil.
Mais dois empreendimentos, autogestionários, são as empresas As Meninas do Quilombo e Vitória Festa e Sabor, voltados à produção de bufês e cafés para eventos, e que pretendem, agora, se juntar para montar uma rede no ramo de alimentação.
Ivone Maria da Silva Santos faz parte do grupo Vitória Festa e Sabor, que usa um espaço da prefeitura, o Pão Sol, para fazer seu trabalho. Antes disso, Ivone trabalhava em casa, fazendo doces e salgados sob encomenda. Em 2006, entrou no programa. Hoje ainda não tem renda fixa, mas uma complementação que, em alguns meses, pode chegar a R$ 700.
“A parte principal do programa é que ajudou muito na minha saúde, porque eu já não tinha muita atividade, ficava só, em casa. Quando somos ativos e ficamos sem ter muitas funções, ficamos acomodados. Vivia deprimida. O programa foi muito bom para mim, principalmente para a minha saúde e minha autoestima”, afirmou Ivone Maria da Silva Santos, que sonha em montar uma cooperativa.
Representante do As Meninas do Quilombo, que já tem sede própria, Valdete Cesário Cavalheiro também entrou no programa em 2006. Por dois anos esteve numa incubadora. Lá se juntou a outras amigas para vender produtos. Do dinheiro proveniente dessas vendas, elas montaram um fundo e compraram uma lanchonete.
“A renda varia, mas está dando para sobreviver, sem precisar trabalhar como empregado e sem sermos uma empresa capitalista. Agora, estamos unindo esses empreendimentos para montar a rede de alimentação, rede de economia solidária, como se fosse uma cooperativa, unindo todos os grupos já graduados, para fazer eventos maiores”, disse Valdete.
Há um ano, Lucia Helena Fernandes de Souza Rocha foi ao Portal do Trabalhador e fez sua inscrição no programa. Nele, aprendeu a melhorar a qualidade de seu produto e a comercializá-lo a preço justo. “É um projeto em que, durante dois anos, dá assistência para montar seu próprio negócio. Ele me interessou porque veio ao encontro daquilo que eu estava procurando. Eu fazia pão caseiro, em casa, e queria aperfeiçoar. Quando eu soube do projeto, a alegria foi grande porque era tudo o que eu precisava”, disse à Agência Brasil. “Antes eu dependia só do salário do meu marido. Mas como tenho seis filhos, aquela escadinha bonitinha, via a necessidade de poder ajudar também. Meu objetivo é montar uma padaria”, completou.
Edição: Aécio Amado