Brasília – Sob pressão após semanas de protestos contra o governo, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou hoje (16) que vai pôr fim, na semana que vem, ao estado de emergência que vigora no país há quase 50 anos. O anúncio foi feito em discurso dirigido ao novo gabinete de Assad e foi transmitido pelas redes de TV.
O cancelamento das leis de emergência é uma das principais demandas dos manifestantes, que protestam na capital, Damasco, e em outras grandes cidades sírias.
Na sexta-feira, dezenas de milhares de sírios saíram às ruas em Damasco, em um dos maiores protestos desde o início das manifestações, há mais de um mês. Forças de segurança usaram cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. As cidades de Deraa, Latakia e Baniyas também foram palco de grandes manifestações.
Enquanto reiterava sua visão de que a Síria está enfrentando uma conspiração, Assad disse não acreditar que pôr fim ao estado de emergência iria desestabilizar o país.
Ele disse ao novo gabinete que havia pedido a uma comissão que analisasse a medida. “A comissão concluiu seus trabalhos na quinta-feira e as recomendações serão passadas ao governo, para que entrem em vigor imediatamente. Não sei em quantos dias isso ocorrerá, mas creio que o prazo máximo será o fim da semana que vem”, afirmou o presidente.
A atual legislação proíbe, por exemplo, a reunião de mais de cinco pessoas.
Segundo o correspondente da BBC Owen Bennet Jones, baseado no Líbano, país vizinho à Síria, a questão agora é saber se essa mudança será suficiente para persuadir os manifestantes a voltarem para suas casas ou se ela vai encorajar mais protestos para tentar obter outras reformas.
Segundo a organização não governamental (ONG) de defesa de direitos humanos Human Rights Watch, os serviços de segurança e inteligência da Síria estão "detendo arbitrariamente", torturando e maltratando centenas de manifestantes em todo o país.
Líderes da oposição afirmam que mais de 200 pessoas já morreram desde o início dos protestos.
Autoridades sírias, no entanto, afirmam que as vítimas não são somente civis, mas também integrantes das forças de segurança. Representantes do governo culpam grupos armados pelas mortes no país.