Feira de produtos especiais é vitrine de inovações para pessoas com deficiência

16/04/2011 - 11h10

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Uma vitrine de soluções para pessoas com deficiência, é assim que está sendo considerada a Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech), que acontece hoje (16) e amanhã (17) no Centro de Exposições Imigrantes, na zona sul da capital paulista. A expectativa é que 45 mil pessoas visitem os standes dos mais de 250 expositores.

Com um faturamento anual de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, o setor tem registrado um crescimento de 15% ao ano, disse o organizador da Reatech, José Roberto Sevieri. “O setor está indo muito bem porque a sociedade está entendendo que eles têm direito a poder trabalhar, se divertir e até namorar”.

O grande obstáculo a ser superado é o dos produtos mais sofisticados que ainda têm preços elevados. “A escala [de produção] ainda não aumentou tanto quanto deveria, mas a tendência tem mostrado que os preços têm abaixado”, afirmou Sevieri.

De acordo com o diretor de uma empresa que fabrica acessórios de acessibilidade para automóveis, Carlos Cavenaghi, um deficiente, para poder dirigir, gastará cerca de R$ 5 mil em adaptações no veículo. Porém, se optar pela inovação, que permite comandar com a voz controles secundários, como buzina, faróis e seta, o custo final pode ficar em R$ 25 mil.

A mesma empresa também oferece uma cadeira de rodas toda em fibra de carbono que pesa apenas 6 quilos. O modelo, que custa R$ 16 mil, é o mais leve do mercado. Segundo Cavenaghi, o produto aumenta a qualidade de vida dos usuários. “Quando você anda em uma cadeira pesada, você gasta muito mais energia e perde muito mais autonomia”, disse.

Também com a intenção de melhorar a locomoção dos deficientes, o velocista cadeirante Ariosvaldo Fernandes da Silva divulga, na feira, uma empresa que faz cadeiras de roda sob medida. Os modelos mais caros custam, segundo ele, em torno de R$ 3 mil e ganham muito em conforto em relação as convencionais. “A cadeira é mais leve: você consegue colocar o centro de gravidade da cadeira no ponto certo”, afirmou.

Como portador de deficiência, o atleta que ganhou medalha de ouro nos 400 metros do ParaPan de 2007, ele ressaltou a importância do evento para as pessoas com deficiência. “É importante conhecer coisas melhores para facilitar a vida do deficiente”.

Entre essas novidades está o livro infantil com descrição de imagens. “A pessoa com deficiência visual encosta a canetinha no livro e descreve todas as imagens que estão nele”, explicou a gerente de marketing da Fundação Dorina Nowill, Adriana Kravchenko. Segundo ela, o produto ainda não está à venda. Mas em breve será lançada toda uma coleção no mesmo modelo.

Além disso, a fundação aproveita a feira para divulgar um curso de avaliador olfativo, que inciará em agosto. “É um curso de um ano e meio em no qual a pessoa com deficiência visual vai poder ter contato com o mercado de perfumes. Ela pode virar um avaliador de perfumes para a indústria de perfumaria”, disse Adriana.

O mercado profissional é um dos focos do evento, confirma José Roberto Sevieri. Segundo ele, as empresas presentes na Reatech estão oferecendo 7 mil vagas de trabalho para portadores de deficiência.

 

Edição: Aécio Amado