Decano afirma que sistema de drenagem da UnB é adequado e que chuva foi atípica

11/04/2011 - 16h43

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - Há 30 anos na Universidade de Brasília (UnB), o engenheiro civil e professor Pedro Murrieta sustenta que o sistema de drenagem do campus universitário é adequado às exigências normais. Decano de administração da universidade, Murrieta considerou "algo atípico" as fortes chuvas que atingiram Brasília ontem (10), invadindo salas de aula, auditórios e anfiteatros e obrigando a instituição a suspender as aulas.

“A quantidade de chuva foi absurda e, pela própria topografia da região, a água corre toda para cá, trazendo junto muita sujeira e entupindo o sistema de drenagem”, afirmou o decano, logo depois de acompanhar a visita em que técnicos da Defesa Civil do Distrito Federal concluíram que o prédio do Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão, como é mais conhecido, não sofreu danos estruturais.
 
O volume de água que atingiu a parte externa do prédio foi tão grande que arrancou vidraças à altura do solo, invadindo o subsolo do ICC, onde inundou salas, auditórios, anfiteatros e depósitos e destruiu equipamentos e documentos. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apenas entre as 12h30 e as 14 horas, choveu 36,4 mm. Após uma breve trégua, a chuva recomeçou por volta das 17 horas.

Para Murrieta, apesar de algumas falhas pontuais, o projeto de drenagem da universidade é “adequado às exigências normais” de vazão da água. “Se numa situação como a de ontem não tivéssemos tido nenhum problema, o projeto não seria bom porque [isso seria um indício de que] ele estaria superdimensionado e, portanto, seu custo seria alto”, afirmou o decano, para quem é “natural” a ocorrência de algum “inconveniente” em situações que “fogem ao controle”, como a provocada pelas chuvas de ontem.
  
Muitos estudantes, contudo, consideram que a força das águas foi potencializada pela falta de investimentos e de manutenção adequada do prédio. O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Vitor de Lima Guimarães, aluno do curso de ciências políticas, questiona se foi feito tudo que era possível para evitar que isso acontecesse e lembra a existência de um plano de reforma do ICC que ainda não foi totalmente executado.

"Talvez caiba avaliar se é correta a opção por construir novos prédios e expandir a universidade para outras regiões em detrimento das reformas da estrutura já existente" está correta”, afirmou Vitor. Para ele, o momento não é de procurar culpados, mas não se pode deixar de apontar os problemas estruturais da universidade.

O estudante Caio Csermak, que faz mestrado em antropologia, ressalta, embora seja um importante espaço de estudo e de convivência estudantil, em conformidade com o plano arquitetônico original da universidade, o ICC vem sendo deixado de lado. “Ontem foi a prova de que há um descaso estrutural. Descaso com a manutenção do prédio. Já houve chuvas tão ou mais intensas do que as de ontem e isso nunca tinha acontecido”, disse Caio, que estava no subsolo do prédio quando a água invadiu a sala de estudos da pós-graduação de antropologia.

“Eu ouvi um barulho de chuva muito forte e, quando cheguei ao corredor, a água já estava entrando pelo teto. Só tive tempo de juntar alguns computadores em um lugar mais alto, desligar alguns equipamentos da tomada e sair já com água pela canela”, contou.

Edição: Nádia Franco