Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A economista Maria Beatriz David, do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), considerou muito pouco “para o tamanho do problema que existe no Brasil” a medida anunciada hoje (6) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tentar conter a apreciação do real. Ela se referia à decisão de ampliar a taxação de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para captações externas com prazo de até 720 dias. Antes, a alíquota valia somente para empréstimos de até um ano.
“Com a nossa taxa de juros, ainda é muito atraente a entrada de capital, não só para o financiamento das empresas brasileiras como de multinacionais que têm filial no país”, disse a economista. Segundo ela, as empresas tomam empréstimos no exterior e investem no Brasil em títulos do governo ou na Bolsa de Valores “e ainda podem especular sobre a variação cambial”.
Ela reiterou que as medidas deveriam ser mais fortes para conter a entrada de capital especulativo. “Com a taxa de juros que temos, a alíquota não é suficiente. Ela teria de ser muito maior. Mas, isso implicaria taxação de outros tipos de investimentos que talvez não fossem especulativos”.
Maria Beatriz sugeriu que se crie a quarentena, estipulando um prazo limite entre entrada e saída de recursos, para que possa ocorrer a retirada de ganhos de rentabilidade. “Porque o grande problema é a remuneração do capital que a gente tem aqui. É a nossa taxa de juros. É isso que está levando ao desequilíbrio.”
A economista que quando se comparam as taxas de juros internacionais com a brasileira se constata que “6% ainda são convidativos”. Ela considerou que as medidas anunciadas pelo ministro Mantega são “tentativas muito pálidas” para o tamanho do problema, que está ligado ao estímulo à entrada de capital especulativo.
Edição: João Carlos Rodrigues