Da Agência Brasil
Brasília - O artista plástico chinês Ai Weiwei, de 53 anos, reconhecido internacionalmente, está desaparecido há mais de 24 horas, depois de ser preso no aeroporto de Pequim. De acordo com depoimentos, ele foi interpelado na manhã desse domingo (3), quando passava pela segurança do aeroporto, antes de embarcar para Hong Kong. Não há informações sobre o artista desde então. As autoridades chinesas não comentaram o assunto.
As informações são da BBC Brasil. Poucas horas após a detenção, o estúdio do artista em Pequim foi invadido por mais de 40 policiais. Dezenas de itens foram confiscados e funcionários foram interrogados. Ai Weiwei é um dos críticos mais frequentes do regime chinês, principalmente no que refere à falta de respeito aos direitos humanos.
O artista viajava com uma assistente, Jennifer Ng. Os documentos de ambos foram checados, mas apenas Ng pode seguir viagem a Hong Kong. Segundo ela, o artista foi levado por guardas de fronteira. “Eu voltei para checar com os seguranças e eles disseram: ‘Ele tem outros negócios. Você pode seguir sozinha no voo’”, disse.
A obra de Ai Weiwei é reconhecida em todo o mundo. Ele ajudou a desenhar o Estádio Olímpico de Pequim, usado nos jogos de 2008, que ficou conhecido como Ninho do Pássaro. Weiwei atualmente faz uma exposição na Galeria Tate Modern, em Londres.
Algumas das obras de Weiwei têm conotações políticas. Ele tentou, por exemplo, reunir todos os nomes de estudantes mortos durante o terremoto de Sichuan, em 2008. O assunto é um tema sensível, porque muitas escolas desabaram com o terremoto, levando a acusações de que elas haviam sido construídas de maneira inadequada.
O governo chinês não comenta a questão e já prendeu ativistas que questionam a segurança das escolas. Weiwei também deu apoio a outros ativistas que enfrentaram as autoridades chinesas. No fim do ano passado, ele compareceu a um tribunal em Pequim, ao lado do artista Wu Yuren, que seria julgado.
Em 2010, o artista foi proibido de viajar ao exterior e colocado sob prisão domiciliar. Segundo Jennifer Ng, ele é mantido sob vigilância constante e teria sido visitado por policiais em seu estúdio três vezes, recentemente.
No próximo dia 11, a presidenta Dilma Rousseff fará sua primeira viagem à Ásia e escolheu a China. Ela ficará no país até o dia 15, quando participará de reuniões com autoridades chinesas e de uma conferência do Bric – Brasil, Rússia, Índia e China.