Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A cidade de São Paulo registrou 119.148 mil casos de conjuntivite entre 1º de fevereiro e 25 de março, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. Uma mutação no vírus é a causa da conjuntivite mais forte que está acometendo a população da capital paulista, além de outras cidades do estado, de acordo com o oftalmologista do Hospital Beneficência Portuguesa, Arnaldo Gesuele.
Como as pessoas não estão preparadas fisicamente para esse tipo do vírus, disse o médico, o organismo sente a resistência cair e fica mais difícil combater a doença. A conjuntivite provoca inflamações agudas, vermelhidão dos olhos, inchaço da córnea e da pálpebra e visão embaçada.
Segundo o oftalmologista, esses sintomas assustam a população. Por causa da facilidade de transmissão da conjuntivite, assinala, muitas devem deixam de trabalhar e estudar. “Por isso é difícil explicar que esse não é um problema grave, embora seja desagradável. As pessoas [com conjuntivite] precisam fazer muita compressa com água gelada para baixar a temperatura dos olhos, o que faz o vírus vai perder a atividade, além de usar colírios lubrificantes. Se no terceiro dia não melhorar, elas devem procurar um oftalmologista para indicar um medicamento mais específico.”
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) divulgou hoje (31) comunicado alertando os médicos sobre o alto número de casos na cidade. No texto, os profissionais são orientados sobre o tipo de conjuntivite detectada na maioria dos atendimentos. Segundo o Cremesp, outras doenças podem surgir durante a evolução da conjuntivite, podendo passar despercebidas em surtos. Por isso, a entidade pede atenção para as complicações da própria conjuntivite, da ulceração da córnea e da blefarite.
O ciclo da conjuntivite demora de sete a dez dias. Mesmo depois de curada, a doença ainda pode deixar as pessoas com os olhos vermelhos por até um mês, o que é considerado normal, de acordo Gesuele. O oftalmologista afirmou que as conjuntivites são sazonais, sendo que 95% dos casos atuais são do tipo viral, que é inflamatória, e 5% do tipo bacteriana, que é infecciosa. “No caso da viral é preciso sair do ambiente de trabalho e de estudo. Ambientes fechados, com ar-condicionado e muitas pessoas juntas contribuem para a transmissão do vírus”.
A agente de saúde Edineide Brito Lourenço, 35 anos, é uma das moradoras de São Paulo que contraiu conjuntivite neste ano. Ela disse que a doença lhe foi transmitida pelo marido. Durante cinco dias, Edineide ficou com irritação nos olhos. O casal tem três filhos e apenas um não teve a doença. “Quem teve primeiro a doença foi a minha filha de 15 anos. Em seguida, foi a minha filha de 11 anos, depois o meu marido e finalmente eu.” Segundo Edineide, no primeiro dia o desconforto foi pior por causa de uma febre alta.
Edição: João Carlos Rodrigues