Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT) - colegiado vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) - divulgou nota de repúdio às declarações feitas pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) em um programa de televisão na última segunda-feira (28). O parlamentar afirmou que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou de “virarem gays”.
Em um quadro de um programa humorístico, Bolsonaro foi perguntado sobre qual seria sua reação caso seu filho se apaixonasse por uma negra. O deputado respondeu que não “corria o risco” porque os filhos foram “muito bem-educados” e não viveram “em ambiente de promiscuidade”. Ontem (29), o parlamentar foi à tribuna se defender. Ele disse que se confundiu e achou que a pergunta se referia a homossexuais.
A nota assinada pelo conselho afirma que o deputado se aproveitou “da falta de instrumento legal que criminalize atos homofóbicos” para “se esquivar da acusação de racismo – crime tipificado na legislação brasileira -, agredindo e injuriando novamente a população LGBT”.
Hoje (30) a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção do Rio de Janeiro, encaminhou representação à Corregedoria da Câmara dos Deputados para que seja aberto processo contra Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Durante velório do ex-vice-presidente José Alencar, o parlamentar disse não temer perder o mandato por caudas das declarações.
Na nota, o CNCD pede que a Procuradoria-Geral da República instaure “investigação criminal para apuração do crime de racismo e injúria e difamação contra a população de mulheres e LGBT”. “Com tais posições e declarações, Bolsonaro reforça a sua faceta homofóbica, racista e sexista, agindo, de forma deliberada, com posturas incompatíveis com o decoro e a ética exigida de um representante da sociedade brasileira no Congresso Nacional, especialmente considerando os princípios da democracia e do respeito à diversidade do povo brasileiro”.
Edição: João Carlos Rodrigues