Da BBC Brasil
Brasília - Os governos da França e da Grã-Bretanha emitiram hoje (28) um comunicado conjunto em que pedem a saída imediata do líder da Líbia, Muammar Khadafi, e que os rebeldes deem início à transição no país.
Na nota, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmam que, "nas palavras da resolução da Liga Árabe, o atual regime perdeu completamente sua legitimidade. Khadafi deve, portanto, deixar o poder imediatamente".
"Pedimos a todos os partidários dele [de Khadafi] que parem de apoiá-lo antes que seja tarde. Pedimos a todos os líbios que acreditam que Khadafi está levando a Líbia ao desastre a tomar a iniciativa, agora, para organizar um processo de transição."
Segundo Sarkozy e Cameron, a mudança na Líbia pode ser organizada pelo Conselho Nacional Interino de Transição (órgão formado pelos rebeldes, com sede na cidade de Benghazi), além de “líderes da sociedade civil” e “todos aqueles prontos para se juntar ao processo de transição para a democracia”.
"Nós os incentivamos a iniciar um diálogo político nacional, que levará a um processo de transição representativo, reforma constitucional e preparação para eleições livres e justas", disseram os líderes francês e britânico no comunicado.
Desde fevereiro, rebeldes tentam pôr fim aos mais de 40 anos de Khadafi no poder. A retaliação do líder líbio foi violenta e levou a o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a aprovar a criação de uma zona de exclusão aérea para proteger os civis do país.
Amanhã (29), representantes de vários países irão se reunir, em Londres, para uma conferência que vai discutir a situação da Líbia."Em Londres, nossos países vão se unir às Nações Unidas, à União Europeia, à União Africana, à Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e à Liga Árabe para analisar como podemos fornecer ajuda urgente e dar apoio às necessidades do povo da Líbia no futuro", disseram Sarkozy e Cameron.
A declaração conjunta também deixou claro que o objetivo da coalizão não é a ocupação militar da Líbia. "Uma solução duradoura só poderá ser a [solução] política que seja do povo líbio. Por isso o processo político que começará amanhã, em Londres, é tão importante. A conferência de Londres vai unir a comunidade internacional no apoio ao fim da ditadura violenta na Líbia e para ajudar a criar as condições nas quais o povo da Líbia possa escolher seu futuro."
Hoje, o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, disse que parte dos ataques aéreos da coalizão contra as forças do governo líbio vão além do objetivo de proteger civis e equivalem a uma interferência em uma guerra civil.
Lavrov disse, em Moscou, que os ataques aéreos estão dando apoio à insurgência armada, algo que, segundo ele, não foi sancionado pela ONU. O próprio regime de Khadafi sustenta isso e diz que civis vêm sendo mortos nos ataques da coalizão.
Também hoje, o governo do Catar reconheceu o Conselho Nacional Líbio, organizado pelos rebeldes, como o representante legítimo do país. Com isso, o Catar se tornou o segundo país depois da França, e a primeira nação árabe, a dar aos rebeldes o reconhecimento oficial.