Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Representantes de movimentos sociais e ambientalistas contrários às usinas nucleares no Brasil vão protestar hoje (23), entre as 18h e as 22h, no Rio, em São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. No Rio, a manifestação será em frente à sede da Eletrobras - operadora das usinas Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis.
“O acidente radioativo na Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, mostra o que pode acontecer no Brasil. Não precisamos desse tipo de tecnologia, que produz resíduos que demoram milhares de anos para deixar de ser radioativo”, disse o representante da organização não governamental (ONG) EcoGreens, uma das organizadoras da manifestação, André Amaral.
Segundo o ambientalista, as usinas nucleares brasileiras são deficitárias. “Elas representam perigo e, ao mesmo tempo, trazem prejuízos para o bolso do contribuinte. A construção de Angra 3 é caríssima, com licenciamento ambiental incompleto. Além disso, o município de Angra foi excluído estrategicamente do Plano de Emergência, porque não há possibilidade de evacuação em caso de desastre.”
De acordo com André, o programa nuclear brasileiro não é transparente e não tem controle social. “O Brasil está na contramão dos demais países que estão desativando suas usinas e investindo em outros tipos de geração de energia.”
O Projeto de Lei de Energias Renováveis está parado no Congresso desde 2003, acrescentou André. O texto, informou, estabelece condições para as indústrias de energia limpa no Brasil. “Só assim, vamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar desastres como os de Chernobyl e Fukushima”, afirmou André, citando as usinas eólicas e hídricas como fontes mais indicadas para geração de energia no país.
Ontem (22), moradores e ambientalistas percorreram Angra dos Reis para protestar contra a construção da Usina Nuclear Angra 3. O grupo também contestou o Plano de Emergência do município em caso de acidente nas usinas Angra 1 e 2. A Eletrobras garante que o Plano de Emergência segue normas internacionais e que as usinas cumprem rígidos padrões de segurança.
O pescador José Carlos Pedrosa, que vive a cerca de 30 quilômetros (km) das usinas, disse não ser contra a instalação de usinas nucleares. Porém, considera fundamental a construção de estradas e vias eficazes de saída do município para serem usadas em caso de acidente. “Se acontecer um acidente hoje, muita gente se contaminaria.”
Edição: João Carlos Rodrigues