Paulo Virgílio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Mostra do Filme Livre (MFL), um dos eventos audiovisuais de maior diversidade do Brasil, chega este ano à sua décima edição, apresentando até o dia 31 deste mês, no Rio de Janeiro e em São Paulo, um grande painel da atual produção independente do cinema nacional. Realizada desde 2002 no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, e apresentada, a partir desta edição, também no CCBB da capital paulista, a mostra, aberta ao público na última sexta-feira (11), vai exibir, durante três semanas, um total de 333 filmes, entre curtas, médias e longas, inéditos e clássicos, todos com entrada franca.
"A Mostra do Filme Livre nasceu para dar espaço a filmes que não tinham acolhida em outros festivais, feitos sem recursos públicos, com baixo orçamento”, explica o criador e organizador da MFL, Guilherme Whitaker. Para ele, grande parte dos filmes exibidos na mostra constitui a produção de fato independente, “feita na garra e na raça, por pessoas que contam apenas com suas próprias condições, às vezes usando até câmeras emprestadas”.
O evento aceita inscrição de filmes feitos em qualquer formato (curtas, médias e longas-metragens), em todos os suportes (VHS, Beta, MiniDV, HD, 16mm, 35mm e celular, entre outros) de todos os gêneros (ficção, documentário, animação e experimental) e realizados em qualquer época. “A maioria dos festivais só aceita filmes feitos até dois anos atrás”, diz Whitaker. A seleção dos filmes que serão exibidos é feita a cada ano pela curadoria da mostra.
Ao longo desses 10 anos, a MFL contribuiu, segundo Whitaker, para apresentar uma vitrine de novos talentos da produção cinematográfica brasileira. “Vários cineastas e pequenos produtores que a gente exibe desde a primeira mostra hoje estão consagrados, ganhando prêmios em festivais no exterior, produzindo longas”, afirma.
Em sua edição deste ano, a MFL apresenta o atual cenário de renovação do cinema brasileiro, com destaque para filmes de diretores jovens e de baixo orçammento que vêm ganhando destaque em festivais internacionais. É o caso de O Céu sobre os Ombros, de Sérgio Borges, vencedor dos prêmios de melhor filme e direção no Festival de Brasília de 2010 e concorrente ao Tiger Award no Festival de Roterdã (Holanda) de 2011.
Segundo Guilherme Whitaker, “isso mostra que o perfil dos festivais está mudando e abrindo espaço para filmes que quebrem o paradigma do mero entretenimento”. Ele destaca a importância de ampliar o acesso do público a filmes que renovam a linguagem e que abordam temas mais ousados.“Por isso, aceitamos na mostra filmes já veiculados na internet, mesmo que tenham sido acessados por milhões de usuários”.
A expectativa é que a MFL 2011 atinja um público de 8 mil pessoas nas sessões do Rio e de São Paulo, nos cineclubes parceiros e nas atividades paralelas. A programação completa está disponível no site www.mostralivre.com.
Edição: Graça Adjuto