Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Poder tocar uma pintura e sentir suas cores e formas. E, a partir daí, ir construindo a imagem de Santo Antônio, tal como foi pintada pelo artista Candido Portinari. Esta é uma das sensações que serão proporcionadas aos visitantes da exposição itinerante que o Memorial da Inclusão, em São Paulo, promove até 24 de março. Até hoje (7), a obra estará em exposição na Igreja Santo Antônio, na cidade paulista de Brodowski.
A imagem que pode ser tocada é uma reprodução da obra de Portinari, adaptada e em relevo para poder ser tateada e sentida pelos visitantes. Ao tocá-la, é possível perceber o tecido, as formas do terço e do cordão e até a textura do cabelo de Santo Antônio.
Além dessa pintura, também estão em exposição – e podem ser tocadas – duas maquetes elaboradas pelo Museu Casa de Portinari, de Brodowski: uma delas permite conhecer a disposição espacial do museu e a outra possibilita conhecer a Capela da Nonna, com o relevo dos santos pintados por Portinari para a sua avó. Para aqueles que pretendem reconhecer os santos que estão em relevo na capela, também foram disponibilizas as imagens tridimensionais de cada um deles para serem tocadas pelos visitantes.
“Aqui é ao contrário [dos outros museus]. Você pode tocar as obras”, disse, brincando, a curadora do Memorial da Inclusão, Elza Ambrósio.
A Pinacoteca do Estado também disponibilizou duas reproduções que podem ser tocadas. Uma delas é uma pintura de Tomie Ohtake e a outra, uma pintura de Arthur Timótheo da Costa, ambas elaboradas em resina branca e borracha texturizada de alto contraste com a intenção de aguçar a percepção dos deficientes visuais.
A ideia de trabalhar as obras de arte com acessibilidade passou a ser um projeto da Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência, onde funciona o Memorial, para os museus públicos paulistas. “Estamos começando a trabalhar com isso [acessibilidade nos museus]. Na Pinacoteca, já temos várias obras em braile e em relevo. No Museu Casa de Portinari, há vários itens de acessibilidade”, destacou Elza.
O Memorial da Inclusão foi inaugurado em 3 de dezembro de 2009 e reúne fotografias, documentos, manuscritos, áudios, vídeos e referências aos principais personagens e às iniciativas que viabilizam oportunidades e conquistas às pessoas com deficiência. O espaço aborda cada uma das deficiências: visual, auditiva, intelectual e física.
“Esse espaço aqui mostra nosso grande sonho de uma sociedade inclusiva. Temos piso tátil para pessoa com deficiência visual, todos os painéis tem descrição em braile, em fonte ampliada e sonora. E os totens podem ser elevados para pessoas com baixa estatura ou crianças. Ele foi planejado pensando-se em todas as pessoas. Todos os vídeos têm legendas”, descreveu Elza.
No dia 24 de fevereiro, o Memorial inaugurou sua versão virtual na internet. “Lá tem tudo o que tem aqui, em formato virtual. Quando se acessa o site, tem-se a impressão de estar dentro do museu”, afirmou. Ao entrar na página eletrônia, é possível ouvir a descrição do Memorial e passear por seus painéis. O passeio virtual pelo Memorial pode ser feito neste endereço: http://www.memorialdainclusao.sp.gov.br
Edição: João Carlos Rodrigues