Khadafi diz que proposta de zona de exclusão tem o objetivo de dominar o petróleo da Líbia

09/03/2011 - 11h35

Da BBC Brasil

Brasília – O presidente da Líbia, Muammar Khadafi, disse hoje (9) que a população pegará em armas se uma zona de exclusão aérea for imposta à Líbia por países ocidentais ou pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. A proposta de adotar uma zona de exclusão aérea é sugerida pela França e Inglaterra, mas conta com o apoio da oposição líbia.

Em entrevista à TV turca TRT, Khadafi disse que países ocidentais querem impor a zona de exclusão aérea para "tomar o petróleo líbio". "Se eles tomarem esta decisão, será útil para a Líbia, porque o povo líbio verá a verdade, que o que eles querem é assumir o controle da Líbia e roubar seu petróleo", disse Khadafi. "Então o povo líbio pegará em armas contra eles", afirmou.

Países discutem a possibilidade de impor uma zona de restrição a voos sobre a Líbia, para impedir ataques aéreos de forças leais ao governo contra a oposição. Os Estados Unidos se opuseram à medida e afirmam que qualquer decisão a respeito deve ser tomada pelas Nações Unidas.

De acordo com organizações não governamentais, mais de mil pessoas morreram desde o começo dos conflitos, em 15 de fevereiro. Os oposicionistas querem que Khadafi, que está há quase 42 anos no poder, abra mão do controle. Cerca de 212 mil pessoas - a maioria trabalhadores imigrantes - deixaram o país, segundo estimativas das Nações Unidas.

Em discurso transmitido pela rede estatal de televisão líbia, Khadafi acusou "forças externas" de estarem fomentando as insurreições que estão ocorrendo no país. Ele disse que governos europeus e a rede Al Qaeda estão incitando a juventude da Líbia a aderir à revolta contra seu governo.

Representantes da oposição pedem a adoção de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, a fim de impedir os ataques aéreos. Mas a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que a decisão de impor um bloqueio aéreo sobre a Líbia depende das Nações Unidas e não dos Estados Unidos.

Zonas de exclusão aérea foram impostas sobre as regiões Sul e Norte do Iraque durante a primeira Guerra do Golfo, em 1991, e durante o conflito na Bósnia, entre 1994 e 1995.

O ministro das Relações Exteriores da Líbia, Musa Kusa, endossou as declarações do líder líbio. ''Agora está claro que a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos estão em contato com os dissidentes do Leste da Líbia. Isso significa que há uma conspiração para dividir a Líbia'', afirmou.