Al Qaeda e governos europeus incitam revolta na Líbia, diz Khadafi

09/03/2011 - 9h43

BBC Brasil

Brasília – O presidente da Líbia, Muammar Khadafi, acusou "forças externas" de estarem fomentando os conflitos que estão ocorrendo no país. Em um discurso transmitido pela rede estatal de televisão, Khadafi afirmou que os governos europeus e a rede Al Qaeda incitam a juventude da Líbia a aderir à revolta contra seu governo.

O discurso de Khadafi ocorre no momento em que forças leais ao governo avançam sobre áreas controladas por forças rebeldes. A cidade de Zawiya, que foi tomada por forças contrárias ao regime há duas semanas, sofre bombardeios e há relatos de que diversas pessoas morreram, vítimas das incursões aéreas.

Tropas leais ao líder líbio miram agora no subúrbio de Zawiya e tentam retomar o controle da praça principal. Outro reduto da oposição, a cidade de Ras Lanuf, também sofreu pesados ataques aéreos. As incursões teriam deixado pelo menos 30 pessoas feridas.

A oposição tenta encerrar o regime de 41 anos do coronel Khadafi, que tomou o poder quando tinha apenas 27 anos de idade. O conflito entre forças leais ao regime e opositores matou mais de mil pessoas, segundo organizações não governamentais. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 212 mil pessoas estão desabrigadas em decorrência dos combates.

Líderes da oposição pedem a adoção de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, a fim de impedir os ataques por ar. Mas a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que a decisão de impor um bloqueio aéreo sobre a Líbia depende da ONU e não dos Estados Unidos.

Zonas de exclusão aérea foram impostas sobre as regiões Sul e Norte do Iraque durante a primeira Guerra do Golfo, em 1991, e durante o conflito na Bósnia, de 1994 a 1995. O ministro das Relações Exteriores da Líbia, Musa Kusa, endossou as declarações do líder líbio.

''Agora está claro que a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos estão em contato com os dissidentes do Leste da Líbia. Isso significa que há uma conspiração para dividir a Líbia'', afirmou Kusa.