Projeto Samba Global homenageia Dia Internacional da Mulher

07/03/2011 - 13h03

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O projeto Samba Global, criado pelo professor Jair Martins de Miranda, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), homenageia amanhã (8), no Dia Internacional da Mulher, uma suíça de 86 anos que foi, em 1959, a primeira mulher carnavalesca no Brasil.  “Ela é  a primeira gringa, na verdade, a participar do carnaval, não como espectadora, mas produzindo mesmo carnaval”, informou Miranda hoje (7) à Agência Brasil.

Naquele ano, os artistas plásticos Dirceu Nery e sua esposa, a suíça Marie Louise Nery, criaram o enredo Viagem Histórica Pitoresca ao Brasil, sobre a missão do pintor francês Debret no país, para a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro. O enredo foi um sucesso pelo luxo e a ousadia, uma vez que o desfile fugia dos temas patrióticos impostos pelo Estado Novo. “Ela  mudou a estética do carnaval”.  Depois da morte do marido, em 1964, Marie Louise se afastou do carnaval.

O projeto Samba Global reúne anualmente no Rio, nesta época, grupos de estrangeiros que festejam Momo em seus países de origem. Este ano, cerca de 50 pessoas da Finlândia, Itália e do Japão participarão do encontro promovido por Jair de Miranda na Unirio, com outros 50 foliões brasileiros, estudiosos do carnaval.

O projeto nasceu em 1996 no Bar Arco da Velha, de propriedade de Jair de Miranda, que criou também, à época, um bloco denominado Tem Gringo no Samba, formado por estrangeiros que estudavam percussão. O bloco funcionou de 1997 até 2000. “Depois, eu fechei o Arco da Velha e não fiz mais o bloco. Mas, continuei fazendo os encontros”, disse Miranda.

Ele rodou  o mundo para conhecer os lugares que cultuavam o carnaval brasileiro. “Esse encontro é para reencontrar os amigos que eu visito ainda, pesquisando”. A globalização do carnaval acabou virando tese de doutorado, “porque eu vi que a expansão é muito mais interessante do que a gente imagina”. O samba cantado e dançado no mundo é inspirado no carnaval brasileiro, afirmou o professor.

Na Unirio, ele trabalha com memória social e desenvolve os projetos Samba Global e Memorável Samba, onde pesquisa a expansão do ritmo no mundo ou, como denomina, a rede internacional de sambistas no mundo.

Edição: Graça Adjuto