Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A organização não governamental Human Rights Watch pediu hoje (3) às autoridades do Egito que suspendam a decisão de submeter civis a julgamentos em tribunais militares. A entidade acusou ainda o governo de prender manifestantes que protestam pacificamente. Para a organização, a lei de emergência – que concede amplos poderes ao governo –, ainda em vigência no poder, mantém o país sob o mesmo clima de apreensão da gestão do ex-presidente Hosni Mubarak.
A diretora da organização para o Oriente Médio e Norte da África, Sarah Leah Whitson, acusou o governo provisório em vigor no Egito de manter as “piores práticas da gestão Hosni Mubarak [presidente que renunciou no mês passado]”. "As autoridades não têm nada que prender pessoas apenas porque elas participam de uma manifestação pacífica, em primeiro lugar", disse ela.
Desde o último dia 11, quando o Conselho Supremo das Forças Armadas assumiu o poder após a renúncia do então presidente Hosni Mubarak, a organização informou ter recebido vários relatos de denúncias de prisões e julgamentos irregulares. “Os tribunais militares normalmente não atendem aos padrões internacionais de julgamento justo”, diz a Human Rights Watch, em nota.
No último dia 26, os soldados prenderam pelo menos nove pessoas durante as manifestações nos arredores da Praça Tahrir – que se tornou símbolo de manifestações no Egito. No mesmo dia, houve um julgamento, em tribunal militar, condenando um homem de 32 anos.
De acordo com a Human Rights Watch, o Supremo Tribunal Militar decidiu por sentenças, ao longo dos últimos dias, que levaram a várias condenações no país. Para a entidade, as autoridades egípcias devem encaminhar os prisioneiros civis para tribunais cujas audiências são abertas ao público.
Edição: Graça Adjuto