Soluções provisórias garantirão a Copa, mas não deixarão legado para o país, diz especialista

26/02/2011 - 14h09

Pedro Peduzzi

Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – Será muito difícil para o Brasil cumprir, até a Copa de 2014, aquilo que é desejável, principalmente em relação a aeroportos e a obras de mobilidade urbana, prevê o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), João Alberto Viol. No entanto, acrescenta, até agora o evento não corre maiores riscos, graças à possibilidade de se buscar soluções provisórias. De acordo com Viol, isso provavelmente prejudicará o legado do evento para a sociedade.

 

Para os aeroportos, Viol acredita que não há mais tempo hábil para cumprir na plenitude tudo que foi vislumbrado para o setor, principalmente no que se refere à estrutura dos terminais de passageiros. “A solução, provavelmente, será a de construir módulos provisórios para atender a demanda.”

 

“O problema é que esse tipo de obra é provisória não garante que a futura demanda interna será atendida”. Ele explica que uma alternativa é construir módulos que sirvam de etapa inicial a ser, posteriormente, aproveitada como definitiva. “Mas isso não é o ideal por implicar gastos a mais”, acrescenta.

 

Viol considera que o movimento de passageiros durante a Copa “não é tão significativo”, se comparad0 ao crescimento de demanda previsto para o mercado interno até 2014.

 

“Nossa demanda já é muito grande e crescente, independentemente desse evento. A Copa é apenas um cenário onde vai se acrescentar um maior número de turistas internacionais”,disse ele à Agência Brasil. E as ampliações, acrescenta, não estão sendo feitas nem para demandas atuais e nem para o crescimento decorrente da Copa.

 

Para piorar, a tendência é de que a situação fique ainda mais complicada, já que o evento servirá como vitrine do país para futuros turistas. “Passaremos a ter mais visibilidade no cenário internacional e a ser, certamente, um dos principais destinos turísticos do mundo. É para isso que temos de estar preparados e estruturados”, disse Viol.

 

Segundo ele, todas as cidades brasileiras apresentam problemas de mobilidade urbana. “Mas isso também não colocará o evento sob risco, porque há, também nesse campo, a possibilidade de se aplicar soluções provisórias como dar férias ou decretar feriados para diminuir o fluxo de veículos.”

 

Além disso, acrescenta, pode-se, a exemplo do que ocorre em São Paulo durante as corridas de Fórmula 1, criar corredores especiais para facilitar o trânsito. “O problema é que esse é um tipo de solução também não deixará o legado previsto de melhoria da qualidade de vida para quem mora na cidade”.

 

Viol reiterou que o Sinaenco faz alertas desse tipo desde 2007. “Não temos mais a certeza de um planejamento integrado, e o risco que corremos é o de pagar mais por menos, e de perder a oportunidade de fazer da Copa uma vitrine e um espelho positivo de nossa infraestrutura para atrair turistas após o evento. Esse risco já está se tornando uma certeza, na medida em que o tempo passa.”

 

Edição: João Carlos Rodrigues