Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou hoje (18), à Justiça fluminense, policiais civis e militares, além de informantes investigados pela Polícia Federal (PF) na Operação Guilhotina. A denúncia foi encaminhada à 32ª Vara Criminal do Rio.
Na semana passada, a PF cumpriu vários mandados de prisão depois de constatar que os policiais se apropriaram de bens apreendidos em diligências e operações policiais.
As acusações entregues à Justiça foram formalizadas por intermédio da 23ª Promotoria de Investigação Penal. Os acusados podem ser enquadrados nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e/ou ativa, peculato e violação de sigilo funcional, dentre outros. As denúncias levam a assinatura dos promotores de Justiça Homero das Neves Freitas Filho, Alexandre Murilo Graça, Márcio José Nobre de Almeida e Luis Otávio Figueira Lopes.
Apesar de indiciado ontem (17) pela PF, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski, acusado de vazar informações para um dos policiais presos na Operação Guilhotina, não foi citado no relatório do Ministério Público.
Os promotores sustentam, em uma das denúncias, que as atividades ilícitas do grupo de milicianos que atuava na Favela Roquete Pinto, em Ramos, eram facilitadas pelo ex-sub-chefe Operacional de Polícia Civil, delegado Carlos Antonio Luiz de Oliveira, um dos 30 policiais presos na operação da PF. Segundo o MP-RJ, Oliveira atuava controlando as autoridades policiais das delegacias nas quais os milicianos exerciam suas funções.
As armas apreendidas em ações policiais eram desviadas e levadas para a Favela Roquette Pinto, com a finalidade de fortalecer o poder de fogo da milícia da região, comandada por quatro policiais civis e seis militares (um deles da reserva) e três traficantes, além do delegado Carlos Oliveira e sete pessoas que controlavam o transporte alternativo, a segurança privada, o sinal de TV a cabo, conhecido como gatonet e a distribuição de gás e água na favela.
Em outra denúncia, os promotores acusam sete pessoas, entre eles três policiais civis e dois PMs que atuavam na Delegacia de Combate às Drogas e se apropriavam de bens e valores de criminosos apreendidos nas ações policiais. De acordo com as apurações, os denunciados faziam apreensões em territórios dominados pelo Comando Vermelho e revendiam o material apreendido para integrantes da facção rival ADA (Amigos dos Amigos), liderados pelos traficantes Nem, da Rocinha, e Roupinol, do Morro de São Carlos.
De acordo com o MP-RJ, quatro policiais negociaram propina com os traficantes, recebendo em troca pagamento mensal de R$ 50 mil para avisar as duas quadrilhas sobre operações policiais programadas para os dois morros.
Uma das denúncias aponta ainda o envolvimento de quatro PMs na apropriação de bens de traficantes durante a ocupação do Complexo do Alemão, em novembro do ano passado. A prática foi flagrada em gravações telefônicas entre os acusados, feitas com autorização da Justiça. Eles responderão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e corrupção passiva.
O relatório também cita o envolvimento de dez PMs, dois policiais civis e mais uma pessoa na prestação de segurança privada, mediante pagamento, em estabelecimentos onde eram praticados crimes e contravenções. Eles atuavam, segundo a denúncia, em grupos específicos, em casas de exploração de jogos de azar e máquinas caça-níqueis em pelo menos três imóveis, localizados nos bairros de Botafogo, Bonsucesso e Barra da Guaratiba. Eles responderão à Justiça pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção passiva.
Edição: Lana Cristina