Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Lutar pela independência do Poder Legislativo frente os outros Poderes foi o principal tema defendido pelos candidatos avulsos à presidência da Câmara, deputados Sandro Mabel (PR-GO), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Chico Alencar (P-SOL-RJ), em seus discursos antes do início da eleição dos novos dirigentes da Mesa Diretora da Casa. E a defesa das emendas parlamentares foi feita por todos os candidatos ao cargo, cuja lista se completa com o nome do candidato oficial dos governistas, deputado Marco Maia (PT-RS).
Bolsonaro reconheceu que não terá votos suficientes para se eleger, mas pregou a necessidade de acabar com a dependência que o Legislativo tem do Executivo. O deputado propôs uma atuação firme para resgatar a credibilidade do Poder que elabora as leis e que ele tenha autonomia para a discussão de temas relevantes para o país. Bolsonaro criticou o que, para ele, é um envio “exagerado” de medidas provisórias ao Congresso Nacional (as MPs são de autoria do presidente da República e precisam da aprovação da maioria dos parlamentares para entrarem em vigor como lei). “Hoje em dia, nós temos muito menos poder do que tínhamos durante o regime militar”.
O candidato Sandro Mabel se queixou da falta de independência do Legislativo e disse que o parlamento está cada vez mais rebaixado diante do Executivo. Segundo ele, a Câmara precisa de uma ampla reestruturação em vários setores. Mabel defendeu a construção de um novo prédio anexo para gabinetes parlamentares. Ele reclamou tambem das pressões que sofreu para desistir da sua candidatura. “Tenho sofrido todo tipo de pressão, ameaças e tenho sido humilhado”. Ontem (31), seu partido ameaçou abrir um processo de expulsão se ele não desistisse da candidatura, já que o PR apoia a candidatura de Maia.
O outro candidato avulso, Chico Alencar, afirmou que é preciso resgatar a ética e a transparência do Legislativo e o seu papel perante a sociedade. “Mais do que construir prédios, precisamos reconstruir a ponte entre o parlamento e a sociedade e resgatar o papel do Legislativo”. Ele defendeu um orçamento impositivo com a liberação das emendas parlamentares e uma ampla reforma política.
Já o governista Marco Maia afirmou que os desafios colocados para a Câmara são enormes e que caberá a essa nova legislatura cumprir o seu papel. Ele defendeu melhores condições de trabalho na Casa e também o debate de grandes temas pela Casa, “de olho no futuro”, verificando o que “interessa ao povo para ser debatido pelos seus representantes”.
Maia disse que é necessário aprovar a reforma política e defendeu a liberação de emendas parlamentares. Para o petista, o parlamento tem o papel de pensar e valorizar o povo. “O povo brasileiro é o motivo de todos estarmos aqui”.
O processo de votação secreta para a escolha dos novos dirigentes da Câmara dos Deputados para o biênio 2011/2013 já começou. Concluída a votação, serão apurados os votos dados aos candidatos à presidência. Na sequência, o eleito assumirá os trabalhos e comandará o processo de apuração dos votos dos outros integrantes da Mesa Diretora.
Edição: Lana Cristina