Da BBC Brasil
Brasília - À medida que milhares de manifestantes ocupam a região central da capital egípcia, Cairo, neste sexto dia consecutivo de protestos contra o governo do presidente Hosni Mubarak, as Forças Armadas nacionais agem para deixar claro seu poder bélico.
Segundo a BBC Brasil, na manhã de hoje (30), dois aviões da força aérea egípcia e um helicóptero fizeram voos rasantes sobre a Praça de La Liberacíon, ou Praça Tahrir, tida como o principal centro de protestos na cidade e onde milhares de pessoas se concentram para exigir a renúncia de Mubarak, acusado de fraudar eleições e perseguir grupos de oposição.
Além disso, uma coluna de tanques militares também chegou próximo à Praça Tahrir, mas foi impedida de avançar por grupos de manifestantes que estão reunidos no local.
A presença dos militares se tornou necessária depois que, na noite da última sexta-feira (28), as forças de segurança do país foram retiradas das ruas, após violentos confrontos com os manifestantes, de acordo com a BBC Brasil. Sem a presença de policias das forças de segurança nas ruas, os moradores das maiores cidades egípcias passaram a noite de ontem (29) e esta madrugada com medo devido ao relatos de saques a estabelecimentos comerciais e residências.
Embora números oficias ainda não tenham sido divulgados, já há veículos de imprensa falando em cerca de cem pessoas mortas e ao menos duas mil feridas durante os confrontos.
Ontem (29), o egípcio Mohammed ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e opositor do governo de Mubarak, defendeu que o presidente deixe o cargo. Para El Baradei, se Mubarak não sair imediatamente, deve pelo menos garantir que não disputará a próxima eleição presidencial egípcia, que ocorrerá ainda este ano.
Mubarak está no poder há 31 anos. "O povo do Egito se revoltou, por assim dizer, contra 58 anos de repressão e contra 30 anos de ditadura sob Mubarak", disse El Baradei. "Mubarak deve sair. O regime falhou e ele precisa mudar", completou o egípcio.