Ivan Richard

Enviado Especial

Petrópolis (RJ) - Depois de passar uma semana isolada em casa, no alto de um morro às margens da BR-495, no distrito de Itaipava, em Petrópolis - um dos municípios da região serrana do Rio de Janeiro castigados por fortes chuvas e deslizamentos de terra na semana passada -, a aposentada Darci Martins da Rocha, 79 anos, conseguiu sair para a rua. Ao lado do neto Cauã Gabriel, 7 anos, ela foi em busca notícias da filha Vera Lúcia e de comida. Sem saber que a estrada estava interditada, a mulher ficou duas horas esperando uma carona. Não fosse uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda estaria lá, já que veículos particulares estão impedidos de trafegar pelo local.

“Minha filha mora comigo, mas nos finais de semana sai com o namorado. Ela saiu antes da chuva e não voltou”, contou Darci, antes de embarcar na viatura da PRF que a levou à zona urbana de Itaipava. De estatura média e olhos azuis, a mulher acredita que Vera Lúcia está bem, porque disse que ia para Cascatinha, uma localidade que não foi atingida pela enxurrada.

A situação enfrentada pela aposentada também é vivida por outros moradores que ficaram isolados na região serrana em consequência das fortes chuvas. A estrada que fica às margens da casa de Darci, por exemplo, teve 35 quilômetros interditado por causa enxurrada que a destruiu parcialmente.

Moradora da região há 50 anos, a aposentada passou a semana inteira dentro de casa, acompanhando pela televisão as notícias sobre a tragédia que matou mais de 700 pessoas em Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Sumidouro. Assim que a viatura da PRF parou na estrada, Darci foi logo dizendo que precisava ir a Itaipava para comprar comida e buscar notícias de filha.

No início da noite de ontem (19), Darci seguiu para a Itaipava, com a certeza de que conseguiria trazer alguns alimentos para casa e a esperança de ter informações sobre Vera Lúcia.

A Rodovia BR-495, que liga Petrópolis a Teresópolis, só deve ser liberada para o tráfego em um mês. No quilômetro 9 da estrada, próximo a Petrópolis, uma barragem desabou e fez com que grandes pedras bloqueassem a passagem. Ao todo, segundo a Delta, empresa contratada para recuperar os danos, são 31 pontos de queda de barragens. No local estão sendo usados explosivos para retirar as pedras.

Ao longo de todo o percurso, há terra na pista e tratores e caminhões trabalham na limpeza. Em outros trechos, parte da pista cedeu.

Edição: João Carlos Rodrigues